Análise de Mercado

Inovação tecnológica impulsiona qualidade da cerveja brasileira a partir do campo

Uso de inteligência artificial e modelagem de dados eleva o padrão da cevada nacional, beneficiando a indústria cervejeira e aprimorando a experiência dos consumidores


Publicado em: 22/04/2025 às 12:30hs

Inovação tecnológica impulsiona qualidade da cerveja brasileira a partir do campo

A combinação entre ciência de dados, inteligência artificial e modelos preditivos tem transformado a produção agrícola no Brasil. No caso da cevada, principal matéria-prima da cerveja, essas tecnologias têm possibilitado ganhos expressivos em produtividade e qualidade, contribuindo para uma bebida de sabor mais apurado e com melhores atributos sensoriais, valorizando ainda mais a experiência dos consumidores brasileiros.

Presente nos mais diversos momentos do cotidiano nacional — seja em reuniões familiares, partidas de futebol, encontros com amigos ou à beira-mar — a cerveja ocupa posição de destaque entre as bebidas preferidas no país. Segundo o Relatório Global da Kirin Holdings, o Brasil é o terceiro maior consumidor de cerveja no mundo, com uma média anual de 69,3 litros por habitante, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos.

Por trás de cada lata ou garrafa aberta, há uma cadeia produtiva complexa, que tem início no campo com o cultivo da cevada e se estende até os processos industriais que resultam na bebida consumida em todo o território nacional. No Brasil, a cevada compõe entre 55% e 100% do malte usado na fabricação de cerveja, conforme estabelecido pela legislação vigente. A qualidade desse insumo é determinante para o sabor, a textura e até mesmo a formação da espuma da bebida.

A região dos Campos Gerais, no Paraná, tem se destacado como importante polo produtor de cevada no país, impulsionada por investimentos de cooperativas como Bom Jesus, Capal, Castrolanda, Coopagrícola, Frísia e Agrária. Essas entidades se uniram para fundar uma das maiores maltarias da América Latina, aumentando significativamente a demanda local pela cultura.

Entretanto, o cultivo da cevada em solo brasileiro enfrenta desafios consideráveis, como a variabilidade climática e a necessidade de selecionar variedades adaptadas às condições locais. Embora o mercado ainda dependa majoritariamente de cepas oriundas da Argentina e do Uruguai, tecnologias avançadas têm contribuído para reduzir essa dependência. Nesse contexto, a agtech Calice tem desempenhado papel relevante.

Com atuação consolidada na Argentina e nos Estados Unidos, a Calice chega ao Brasil com a proposta de aplicar modelagem computacional a dados biológicos e agronômicos, a fim de prever e melhorar o rendimento, a qualidade e a adaptabilidade das culturas agrícolas. “Por meio da plataforma NODES™, utilizamos inteligência artificial e modelos preditivos para identificar quais variedades de cevada apresentam melhor adaptação às diversas regiões brasileiras, levando em conta clima, solo e outras variáveis. Transformamos grandes volumes de dados agrícolas em insights acionáveis — e o que já realizamos em outros países, agora aplicaremos também no Brasil”, explicou Mauricio Varela, Head de Desenvolvimento de Negócios da empresa.

Tecnologia a serviço do campo

Com as soluções oferecidas pela Calice, os produtores de cevada podem antecipar o desempenho de diferentes variedades em cenários específicos, o que aumenta as chances de obter grãos com características ideais para a malteação — como teor de proteína adequado e elevada capacidade de germinação. “Esses avanços impactam diretamente na eficiência das maltarias e na qualidade final do malte, refletindo-se no sabor, aroma e estabilidade das cervejas”, destacou Varela.

De acordo com o executivo da agtech, um exemplo concreto da aplicação dessa tecnologia está na região de Campos Gerais, onde são testadas anualmente mais de 25 novas linhagens de cevada, com o objetivo de selecionar aquelas que melhor atendam aos rigorosos critérios exigidos pela indústria. Esse esforço é liderado por instituições de pesquisa como a Fundação ABC e a Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (FAPA), que já reportam ganhos significativos tanto em produtividade quanto em qualidade dos grãos.

A integração entre tecnologia de ponta e boas práticas agronômicas tem permitido às cooperativas paranaenses não apenas fortalecer a economia local, mas também contribuir para a produção de uma cerveja brasileira cada vez mais refinada. “Com o apoio de empresas como a Calice, estamos aproximando a agricultura da inovação, garantindo que cada cerveja seja resultado de uma cadeia produtiva sustentável, tecnológica e de alto padrão”, concluiu Varela.

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias