Publicado em: 12/09/2013 às 18:40hs
A produtividade vai continuar crescendo, mas, provavelmente, com índices menores do que os dos últimos anos, que deram origem às safras recordes. Esse cenário foi apresentado pelo diretor-geral do Instituto de Estudos de Comércio e Negociações Internacionais (Icone), André Nassar, nos debates no fórum “O futuro da inovação da agricultura tropical”. Promovido no contexto do sistema Agropensa da Embrapa, o evento foi realizado na segunda semana de setembro na Embrapa Estudos e Capacitação, em Brasília.
Os ganhos de produtividade previstos para a próxima década, aliados à conjuntura internacional, podem elevar a participação do Brasil no mercado mundial da soja para 50% e o de milho, para 25%. As exportações de carnes, em contrapartida, devem se acomodar. Nassar explica que essa perspectiva tem como base esforço de grande parte das nações para reduzir a importação de carnes. Muitos países estão estabelecendo metas para obter autossuficiência em proteínas.
Isso cenário pode ser positivo para a exportação de grãos. Por outro lado, se as vendas externas de carnes não aumentam, deixa-se de agregar valor à soja e ao milho e de gerar empregos. Ainda no campo da produção animal, Nassar prevê o deslocamento das granjas de aves e suínos. Elas avançarão nas proximidades dos centros urbanos e não mais nas áreas produtoras de grãos.
Assim como as granjas, a expansão da agricultura também tomará novos caminhos. A valorização de terras no Centro-Oeste empurrará os novos investimentos para regiões mais baratas. Uma delas já está em evidência e ganhou até um “apelido”. É o chamado MA-PI-TO-BA, formado por territórios dos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia.
O coordenador de agronegócios da Fundação Getúlio Vargas, Mauro Lopes, apontou ainda os estados do Pará, Rondônia e Acre como novas fronteiras agrícolas no País, principalmente em função das melhorias na infraestrutura rodoviária. Para onde caminha a agricultura? “Para onde tem terra barata”, resumiu Lopes. Esse é um resultado da tecnologia: regiões antes desacreditadas podem se tornar produtivas e atrair investimentos.
Durante sua apresentação no fórum, Mauro Lopes falou sobre a capacidade que a tecnologia tem de incrementar a qualidade de vida no campo. Ele aponta que a combinação dela com insumos modernos, assistência técnica e educação é capaz de melhorar em até 25% o bem estar nas áreas rurais. Contudo, alguns fatores negativos, tais como taxa de envelhecimento, razão de dependência, número de moradores no domicílio e deficiências na educação, têm o poder de anular ou pelo menos reduzir os efeitos positivos anteriores.
O representante da FGV opinou que há mais por fazer na área de transferência de tecnologias do que na própria pesquisa e desenvolvimento. Ele ressaltou que o desafio está nos pequenos produtores. Dados apresentados por Lopes revelam que apenas 11,3% deles usam adubos e 1,7%, corretivos de solo.
O vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil, Osmar Dias, também destacou a importância da assistência técnica para levar tecnologia ao campo. Mas chamou a atenção para outro fator essencial: o crédito. No banco público, os financiamentos para a área rural têm crescido muito mais do que para outros segmentos. A taxa de inadimplência do setor, contudo, é menor do que a média nacional: não ultrapassa 0,5%.
Agropensa
O fórum “O futuro da inovação na Agricultura Tropical” reuniu lideranças mundiais de Ciência e Tecnologia do setor agropecuário. O evento promovido faz parte das atividades do Agropensa, o Sistema de Inteligência Estratégica da Embrapa. A rede é dedicada a produzir e difundir conhecimentos e informações em apoio à formulação de estratégias de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) para a própria Empresa e instituições parceiras.
Lançado no dia 24 de abril, durante as comemorações do 40º aniversário da Embrapa, o Agropensa atua no mapeamento e apoio à organização, integração e disseminação de base de dados e de informações agropecuárias. Ele captura e prospecta tendências, identifica futuros possíveis e elabora cenários que permitam à agropecuária brasileira melhor se preparar diante de potenciais desafios e oportunidades.
O fórum é a primeira etapa da estratégia da Empresa para a construção do documento “Visão 2013-2033: Desafios e oportunidades tecnológicas para a agricultura brasileira do futuro”, que será apresentado à sociedade em abril de 2014.
Fonte: Embrapa Agroenergia
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