Análise de Mercado

FGV: Fórum debate câmbio e abertura comercial

fgv 02 01 2013Economistas sugerem mudanças de política cambial e comercial como forma de dobrar a renda per capita em 15 anos, assunto debatido nesta terça-feira (01/10) no 10º Fórum de Economia da FGV, em São Paulo. Renato Baumann, do Ipea, defende abertura comercial gradual, mas bem sinalizada, mantida num período de tempo longo, focada sobretudo nos bens de produção


Publicado em: 03/10/2013 às 09:40hs

FGV: Fórum debate câmbio e abertura comercial

 "Em quanto tempo não sei. Mas o importante é que o caminho é o contrário à tendência protecionista que temos seguido." Para ele, a medida é essencial para a inserção do país nas cadeias globais de produção.

Custos sociais - Baumann destaca que a abertura comercial não pode ser abrupta. "Opções radicais de abertura comercial a curto prazo podem resultar em custos sociais mais elevados do que os ganhos da eficiência produtiva." O economista estima que a importação de bens e serviços corresponde a 13,9% do PIB, considerando dados de 2012. Segundo ele, números do Banco Mundial mostram que nenhum outro país possui um índice mais baixo do que o do Brasil de abertura para importações.

Papel fundamental - Eliane Araújo, professora da Universidade Estadual de Maringá (PR), defendeu que o câmbio tem papel fundamental para o crescimento econômico. Segundo ela, as experiências internacionais mostram que os casos recentes de rápido crescimento econômico apresentaram taxa de câmbio relativamente desvalorizada.

Sugestões - Ex-secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, pondera as sugestões de política cambial e comercial. "O câmbio apreciado pode ser bom para uns e ruim para outros." Ele exemplifica com produtos de alta tecnologia, como a Embraer, que importa muito, mas também exporta. "Esse é o grande dilema, temos que importar mais, mas com base em capital local e geração de tecnologia." Barbosa também destaca a necessidade de um debate maior sobre as redução de tarifas de importação. "Há uma grande discussão sobre isso, inclusive dentro da própria indústria", diz ele. Barbosa exemplifica com o aço, que coloca em lados opostos a indústria do aço e a que tem o produto como insumo. "Essa discussão precisa ser feita, se vamos baixar tarifas para insumos básicos ou para bens finais e quais bens finais."

Dependência - O cientista social Mariano Francisco Laplane, presidente do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), disse que o esforço que o Brasil precisa fazer para reativar seu setor industrial não pode depender apenas da política industrial do governo. "Competitividade depende das empresas com um novo tipo de qualificação. O fluxo intrafirmas no contexto de globalização e pós-crise passa a ser parte de sistemas muito complexos."

Real - O economista José Luis Oreiro, professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), argumenta que, a despeito da recente desvalorização, o real sobrevalorizado torna inviável para as indústrias manter os atuais padrões de ganho real de salários e ampliar produtividade. Ele defende a redução real dos reajustes salariais. "Não é algo a ser feito da noite para o dia, nem nesse valor de 48% da sobrevalorização da moeda. A redução do ganho real de salários, em torno de 20%, dever ser algo a ser feito em cinco, seis anos. A mudança deve ser coordenada com ajuste fiscal."