Publicado em: 27/11/2024 às 11:40hs
A produção e o consumo de fécula de mandioca no Brasil apresentaram um crescimento significativo em 2024, mas as margens industriais têm sido pressionadas pela elevação nos custos da raiz. De acordo com dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, em parceria com a Abam (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca), o volume de mandioca processado na indústria de fécula alcançou 2,64 milhões de toneladas na parcial de 2024 (de janeiro até 22 de novembro), superando o total processado em todo o ano de 2023.
Embora o rendimento industrial tenha sido mais baixo durante parte do ano, a produção de fécula cresceu consideravelmente. No período de janeiro a novembro de 2024, a produção de fécula somou 677,7 mil toneladas, um aumento de 3,4% em relação a todo o ano de 2023 e o maior volume já registrado na série histórica do Cepea, iniciada em 2004. Em outubro, a produção já totalizava 656 mil toneladas, o que representa um aumento de 12,5% frente ao mesmo período de 2023.
O consumo aparente de fécula também acompanhou a tendência de crescimento, com um avanço de 20,1% entre janeiro e outubro de 2024, somando 639,2 mil toneladas, comparado ao mesmo intervalo de 2023. As exportações se mantiveram aquecidas, alcançando 29,1 mil toneladas, um aumento de 44,2% em relação ao ano anterior. Assim, a demanda total por fécula chegou a 668,3 mil toneladas, um crescimento de 21% em comparação ao ano passado, superando a produção do período.
Em consequência desse aumento na demanda, os estoques de fécula disponíveis até outubro reduziram-se em 21,5%, ficando em 50,6 mil toneladas, o que é suficiente para atender 6,9% da demanda interna estimada para o período de novembro de 2023 a outubro de 2024. Essa diminuição nos estoques tende a sustentar as cotações de fécula no médio prazo.
O aumento do consumo está diretamente relacionado à melhora do ambiente econômico, que resultou no aumento das vendas no varejo e da produção industrial, conforme dados do IBGE. A fécula e os amidos derivados da mandioca são insumos utilizados em diversos segmentos, e seu consumo é sensível à movimentação econômica.
Apesar do crescimento da produção e do consumo, as margens da indústria de fécula têm sido pressionadas pelas altas nos preços da mandioca, que representam mais de 70% do custo de produção do derivado. Segundo levantamento do Cepea, entre junho e novembro de 2024, o preço médio da mandioca posta na indústria acumulou uma alta de 62,4%, enquanto o preço da fécula (FOB indústria) aumentou 46,6%. Esse aumento nos preços da raiz tem dificultado o repasse integral dos custos para o preço final da fécula.
Entretanto, esse impacto foi parcialmente amenizado pela maior rotatividade nas vendas, devido ao aumento no volume transacionado. No curto prazo, espera-se que a entressafra, caracterizada por menor volume de mandioca disponível para processamento, mantenha as cotações tanto da raiz quanto da fécula em patamares elevados.
Fonte: Portal do Agronegócio
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