Análise de Mercado

COMMODITIES: Preços caíram até 29% nos últimos seis meses

Nos últimos seis meses, apenas duas das 23 commodities mapeadas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) não sofreram queda nos preços


Publicado em: 07/03/2012 às 09:20hs

COMMODITIES: Preços caíram até 29% nos últimos seis meses

Na relação entre dólares por tonelada de produto vendido, minério de ferro, soja em grão e café – três dos cinco itens da pauta de exportação que geraram mais divisas ao país no ano passado – apresentaram diminuição entre setembro e fevereiro.

Rendimento menor - Para analistas, a desaceleração do crescimento mundial prevista para este ano, o alto patamar dos preços que vigoraram até metade de 2011 e o aumento da área de plantio das commodities agrícolas vão fazer com que os principais produtos de exportação do Brasil rendam menos em 2012 do que no ano passado.

Minério de ferro - O minério de ferro, item mais vendido em 2011 (US$ 44,2 bilhões), foi comercializado a US$ 135 a tonelada em setembro. Em fevereiro, o preço estava em US$ 96, queda de 29% no período. A soja em grão também teve desvalorização: passou de US$ 521 para US$ 456 a tonelada. O café acompanhou a tendência e ficou 8,3% mais barato, sendo vendido por US$ 267 a tonelada. Carne bovina in natura (queda de 6,6% no preço), couro (-11,9%), fumo em folhas (-17,7%) e algodão (-6,3%) também engrossaram a lista.

Reacomodação de preços - Para o diretor da trading InterAgrícola S.A e vice-presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Marco Antonio Aluisio, está havendo reacomodação de preços no mercado internacional de commodities, aliada ao cenário da economia internacional. “O maior consumidor é a China, que já afirmou que vai crescer 7,5% neste ano ante 9,2% do ano passado. Além disso, há a recessão na União Europeia, que também tem peso importante na configuração dos preços, e o baixo crescimento dos Estados Unidos. Não podemos esperar mudanças nesse quadro, então os preços devem cair um pouco mais até o fim deste ano”, afirma.

Índice - O índice de commodities calculado a partir dos preços no mercado mundial também verificou a tendência de arrefecimento de preços. Enquanto em setembro o Commodity Research Bureau (CRB) estava em 134,19 pontos, em janeiro, último mês divulgado pelo Banco Central, o indicador referência para matérias-primas registrou 127 pontos.
 
Petróleo cru e suco de laranja
  - As duas únicas commodities que registraram aumento de preços nos últimos seis meses foram o petróleo cru (4,8%) e o suco de laranja (40,7%). Completando a lista dos cinco maiores produtos exportados, eles ajudaram a inverter as posições dos maiores compradores do Brasil no primeiro bimestre deste ano. Com o aumento das exportações de petróleo para os Estados Unidos, que iniciaram movimento de diversificação de fontes de matéria-prima, os americanos compraram US$ 4,04 bilhões dos brasileiros entre janeiro e fevereiro. O montante foi 38,2% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Os chineses, por sua vez, aumentaram em 0,3% as compras, que atingiram US$ 3,98 bilhões,  resultado que sofreu forte influência do recuo do minério de ferro.

 Fator de mercado  - Além de concordar com o cenário analisado por Marco Antonio Aluisio, o sócio-diretor da RC Consultores Fabio Silveira credita a tendência de recuo nos preços das commodities neste ano a um fator de mercado: com os preços atrativos do ano passado, mais área foi destinada ao plantio, aumentando a oferta para uma demanda agora menor. Apesar da oscilação, o patamar dos preços não deve cair muito. “Vai ficar em um nível menor [os preços], mas ainda bastante satisfatório”, afirma. O economista, no entanto, prevê que a desaceleração da economia mundial vai impactar a balança comercial neste ano. “O saldo, que foi de US$ 30 bilhões no ano passado, vai ser de US$ 20 bilhões neste ano. As exportações, que ficaram em US$ 256 bilhões, devem cair para US$ 240 bilhões.”

Fonte: Assessoria de Imprensa da Ocepar/Sescoop-PR

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