Análise de Mercado

Chuva já causa aumento de 40% nos hortifrútis

Agricultores de Londrina contabilizam perdas causadas pelo clima e preços começam a subir no Ceasa


Publicado em: 21/06/2012 às 15:40hs

Chuva já causa aumento de 40% nos hortifrútis

A produção de hortifrútis na região de Londrina já apresenta prejuízos causados pela chuva intensa dos últimos dias. Dados do setor de Agrometeorologia do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) apontam que, entre segunda-feira e a manhã de ontem, a cidade havia registrado 265 milímetros de chuva.

De acordo com a meteorologista do Iapar, Ângela Beatriz Costa, somente em 24 horas - entre 9h de terça-feira e 9h de ontem - o volume de precipitações chegou a 205 milímetros. "A frente fria estacionária presente no Estado, influenciada pelo calor e pela umidade das áreas tropicais, resultou na grande quantidade de chuvas", explicou.

O agricultor Iliel dos Santos Silva, do Patrimônio Selva, lamentou os prejuízos já contabilizados em cerca de 30% da produção de verduras. Em 10 hectares, ele produz cerca de 25 variedades de hortifrútis, como couve, alface, abobrinha, beterraba, repolho, rabanete e brócolis. Além de interferir no desenvolvimento das plantas, a chuva também deve acarretar em perdas financeiras para recuperação da estrutura de irrigação que Silva mantém na propriedade e que agora está embaixo d'água. "Devido à chuva, não conseguimos passar o controle preventivo e as plantas sofrem ataque de pragas e doenças", afirmou. Com o solo encharcado, o produtor também está impedido de realizar o plantio, que está atrasado em uma semana.

"As verduras já estão manchadas e mais sensíveis ao ataque de doenças causadas por fungos e bactérias. Esperamos perdas de, no mínimo, 60%", calculou Sérgio Zanin Bueno. O agricultor, que mantém 16 mil metros no distrito de Warta, afirmou que as culturas mais afetadas são alface, repolho, rúcula e cheiro-verde. Bueno lembrou que essa época do ano já é caracterizada pela instabilidade climática e pelas oscilações de temperatura que trazem maior risco para a agricultura. Em uma área cultivada com café, o agricultor também estimou perdas na ordem de 30%, resultado dos grãos que fermentam ainda no pé em razão da umidade.

O prejuízo chegou também no Distrito de Lerrovile, onde a produtora Marli Lopes Santana perdeu boa parte da acelga plantada. "A chuva atrapalha também a colheita e as estradas estão péssimas, o que dificulta a venda", reclamou. De maneira geral, os produtores que utilizam estufas não estão sentindo os efeitos negativos do excesso de chuvas, mas Aguinaldo Ferreira Bispo, da Fazenda Acolá, contou que as curvas de nível não foram suficientes e a água transbordou para o interior das estufas. "Ainda é cedo para prever danos, mas as perdas não devem ser graves", analisou.

Segundo a meteorologista do Iapar, a frente fria começou a se afastar do Estado ontem a tarde e a previsão climática para hoje é de pancadas isoladas. Já sexta-feira deve ter predomínio de sol. Para o final de semana, está prevista a chegada de uma massa de ar frio e seco, mas que não traz risco de geada para a região Norte do Estado.

Comercialização

As chuvas também já começam a afetar os preços dos produtos agrícolas no Ceasa de Londrina. Na avaliação do presidente da Associação dos Atacadistas, Clóvis Tsuzaki, o mercado deve responder mais fortemente à oferta reduzida de hortifruti na próxima semana, com elevação dos preços. "As hortaliças são mais sensíveis à umidade e o prejuízo é aparente. A abobrinha e a vagem foram as mais afetadas até agora e o preço já subiu de 30% a 40% em comparação à semana passada", revela. Tsuzaki explica que, caso as lavouras de outras regiões não tiverem sido tão prejudicadas, os valores de comercialização podem se estabilizar em breve. No entanto, se a chuva atingiu a produção de forma generalizada, os preços devem demorar a se normalizarem.

Fonte: Folha Web

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