Publicado em: 01/03/2012 às 14:00hs
O mercado da soja voltou nesta semana aos patamares que dispararam as vendas no Brasil em pleno plantio – no segundo semestre do ano passado. Em sua melhor fase em cinco meses, a oleaginosa passou dos US$ 13 por bushel (27,2 kg) na Bolsa de Chicago nos últimos dois dias. O preço ao produtor do Paraná ultrapassou R$ 45 por saca (60 kg). As altas acumuladas em relação às médias de janeiro chegaram a 4% e 7% na CBOT e no mercado doméstico, respectivamente, trazendo alívio aos agricultores que enfrentaram seca estão confirmando quebra na colheita.
Os grãos que ainda não foram vendidos estão valendo um pouco mais do que se esperava. O motivo da alta global é justamente a quebra climática registrada na América do Sul. Por que os reajustes ocorreram só agora? Porque a China, nos últimos dias, bateu à porta Estados Unidos, explica o analista Flávio França Jr., da Safras & Mercado. “Não se trata da confirmação dos efeitos da seca nas lavouras, mas da transformação da quebra em aumento na demanda nos Estados Unidos.” Até a última semana, esse aumento estava na teoria, observa.
A elevação de preço tende a ser momentânea, a julgar pelas cotações futuras, que estão abaixo das atuais na CBOT. As apostas são de que a produção dos EUA em 2012/13 vai aumentar. A previsão do próprio departamento de agricultura dos Estados Unidos, o USDA, é de baixa de 1,7% no valor da soja em relação aos preços desta safra. Se isso ocorrer, o bushel deve seguir a linha de US$ 11,5.
“O mercado não está comprando mais a alta e busca os US$ 13,4 por bushel. Diante dessa resistência técnica, os preços perdem sustentação”, afirma o analista Stefan Tomkiw, brasileiro que atua nos Estados Unidos pela Jefferies Bache. Ele afirma ainda que os chineses dão sinais de que vão reduzir o ritmo das compras.
No ano passado, a soja americana perdeu participação nas vendas à China – de 24,2 milhões de toneladas (2010) para 20,6 milhões (2011). O Brasil, por sua vez, vendeu 1 milhão de toneladas do grão a mais para os chineses, chegando a 22,1 milhões. “Agora os EUA devem recuperar mercado”, afirma França Jr.
Os reajustes não devem cobrir os prejuízos de produtores que tiveram perdas de até 70%, mas ajudam, avalia a agrônoma do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral) Margorete Demarchi. As cotações no Brasil ainda assimilam efeitos diretos da estiagem, aponta. Dessa forma, a cotação de R$ 45 por saca é considerada sustentável.
A previsão dos especialistas é que os produtores brasileiros vão acelerar as vendas nos próximos dias. No Paraná, o volume vendido antecipadamente deu um salto na fase de plantio. Levantamentos públicos e privados divergem, mas apontam proporções recordes entre 26% e 38%. Em dezembro, a comercialização perdeu ritmo, que deve ser recobrado agora.
Fonte: Gazeta do Povo
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