Análise de Mercado

Brasil pode sentir impacto de tarifas recíprocas dos EUA no agronegócio, aponta Itaú BBA

Estudo do banco destaca que, mesmo sem recessão global, commodities como suco de laranja, café e algodão podem sofrer com a queda da demanda; país, no entanto, também pode ganhar espaço em mercados estratégicos


Publicado em: 28/04/2025 às 11:40hs

Brasil pode sentir impacto de tarifas recíprocas dos EUA no agronegócio, aponta Itaú BBA
Foto: Chip Somodevilla/Getty Images

Possíveis tarifas recíprocas dos EUA reacendem alerta para o agronegócio brasileiro

O anúncio dos Estados Unidos sobre a possibilidade de adoção de tarifas comerciais recíprocas voltou a acender o sinal de alerta no agronegócio brasileiro. Segundo análise do Itaú BBA, ainda que não se configure uma recessão, um cenário de crescimento global mais moderado tende a impactar negativamente a demanda por algumas commodities agrícolas, especialmente aquelas consideradas mais sensíveis ao consumo, como o suco de laranja, o café e o algodão.

Suco de laranja: consumo em queda e risco de retração no mercado americano

O consumo mundial de suco de laranja já vem apresentando retração, pressionado principalmente pelos altos preços ao consumidor. Os Estados Unidos seguem como o principal destino das exportações brasileiras da bebida, absorvendo 35% do total embarcado, seguidos por Bélgica (28%) e Holanda (23%).

Diante de uma possível queda na demanda americana, o Brasil deverá buscar alternativas, como ampliar sua presença na União Europeia ou direcionar parte de seus volumes a mercados emergentes, como China e Japão.

Em 2024, os EUA importaram 70% de seu consumo de suco de laranja (equivalente FCOJ) do Brasil e 24% do México, o que mostra que substituir completamente a produção brasileira seria um desafio logístico e de abastecimento.

Café: substituição do produto brasileiro é difícil, e tarifas favorecem robusta nacional

O café também figura entre as commodities mais sensíveis ao atual cenário. Somente em 2024, os Estados Unidos importaram 24,6 milhões de sacas de café verde, das quais 31% foram fornecidas pelo Brasil.

A substituição do café arábica brasileiro seria complexa, tanto pelo volume adquirido quanto pela atual restrição da oferta global.

No caso do café robusta, o Brasil ainda possui uma vantagem competitiva. Países asiáticos concorrentes — como Vietnã, Indonésia e Índia — enfrentam tarifas de 46%, 32% e 26%, respectivamente, ao passo que Brasil, Colômbia e Honduras são taxados em apenas 10%. Esse diferencial tarifário pode ampliar a participação brasileira no mercado americano.

Algodão: Brasil se posiciona como alternativa à pluma americana na China

No mercado de algodão, o movimento pode ser semelhante ao observado na soja, com o Brasil ampliando sua presença na China, principal destino das exportações americanas da fibra.

Em 2023, os chineses importaram 760 mil toneladas de pluma dos Estados Unidos.

Com a expectativa de uma nova safra recorde no Brasil para 2024/25 — impulsionada pelo aumento da área cultivada — o país se posiciona como principal candidato a suprir a eventual lacuna deixada pela pluma americana, ainda que a China deva reduzir sua demanda total por importações.

Fonte: Portal do Agronegócio

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