Análise de Mercado

Brasil pode enfrentar barreiras tarifárias nos EUA e ver exportações ameaçadas

Medida defendida por Donald Trump pode afetar agronegócio e siderurgia, setores estratégicos para a economia brasileira


Publicado em: 25/02/2025 às 18:00hs

Brasil pode enfrentar barreiras tarifárias nos EUA e ver exportações ameaçadas

A possível adoção de uma política de tarifas de reciprocidade pelos Estados Unidos pode impactar significativamente as exportações brasileiras, sobretudo nos setores do agronegócio e da siderurgia. A proposta, defendida pelo ex-presidente Donald Trump, visa igualar as tarifas aplicadas pelos EUA às impostas por seus parceiros comerciais, o que poderia comprometer a competitividade dos produtos brasileiros no mercado norte-americano.

Um estudo do Banco Mundial aponta que a tarifa média de importação cobrada pelo Brasil sobre produtos dos EUA é de 11,3%, enquanto as mercadorias brasileiras que entram no mercado norte-americano enfrentam uma tarifa média de apenas 2,2%. Essa diferença de 9,1 pontos percentuais poderia colocar as exportações brasileiras em desvantagem caso Washington decida elevar as taxas sobre os produtos do Brasil.

"Se essa medida for implementada, veremos uma redução expressiva das exportações brasileiras devido à perda de competitividade frente a mercados que possuem acordos comerciais mais vantajosos", explica Thiago Oliveira, CEO da Saygo, empresa especializada em comércio exterior.

Setores mais impactados

Caso os EUA adotem a política de tarifas de reciprocidade, os setores mais afetados seriam o agronegócio e a siderurgia. O Brasil é um dos principais fornecedores de aço, celulose e carne bovina para os norte-americanos. Com um possível aumento das tarifas de importação, exportadores brasileiros podem perder espaço para concorrentes de países que possuem acordos comerciais mais favoráveis com os Estados Unidos.

"As empresas brasileiras precisarão buscar novos mercados ou incentivar o consumo interno para compensar as perdas", alerta Oliveira.

Incerteza no comércio internacional

Nos últimos meses, a discussão sobre tarifas de reciprocidade ganhou força nos Estados Unidos, impulsionada pelo discurso protecionista de Trump. O ex-presidente tem reiterado sua intenção de revisar as relações comerciais dos EUA com países que aplicam tarifas mais altas sobre produtos americanos. Embora a medida ainda não tenha sido implementada, a incerteza já afeta o planejamento das empresas e compromete a previsibilidade dos investimentos.

Diante desse cenário, especialistas defendem que o Brasil intensifique esforços para diversificar seus mercados de exportação e fortalecer sua participação em acordos comerciais internacionais. Dependendo das decisões de Washington, a capacidade de internacionalização das empresas brasileiras poderá ser um fator decisivo para mitigar os impactos e manter a competitividade no comércio exterior.

Diplomacia e estratégias alternativas

Para evitar impactos negativos no fluxo comercial entre Brasil e Estados Unidos, o governo brasileiro tem reforçado negociações diplomáticas. Segundo o Ministério da Economia, estão sendo avaliadas alternativas como a revisão de acordos comerciais e a criação de incentivos fiscais para setores mais vulneráveis.

"O Brasil precisa estar preparado para negociar condições mais justas e evitar prejuízos desproporcionais à sua economia", afirmou um porta-voz do ministério.

Além disso, analistas indicam que a possível implementação dessas tarifas pode acelerar a formação de novos blocos comerciais. Com a crescente instabilidade na relação com os EUA, o Brasil tem explorado oportunidades na Ásia e na Europa para expandir sua base de clientes. Paralelamente, empresas brasileiras estão investindo em soluções logísticas para reduzir custos e garantir a competitividade no cenário global, fortalecendo parcerias com outros mercados estratégicos.

Fonte: Portal do Agronegócio

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