Publicado em: 06/08/2013 às 16:10hs
Produtores que venderam a caixa de 20 quilos a R$ 80, no primeiro trimestre do ano, agora não conseguem mais do que R$ 20. Bom para o consumidor: o preço médio do quilo nos supermercados e sacolões despencou em torno de 50% apenas nos últimos 30 dias e pode ser encontrado entre R$ 3 e R$ 5 na maioria dos verdurões.
A disparada do preço ao longo do segundo semestre do ano passado e no primeiro trimestre de 2013 ocorreu em razão de problemas climáticos. A lei da oferta e da procura beneficiou os agricultores. Para se ter ideia, o valor médio da caixa de 20 quilos subiu de R$ 18, em julho de 2011, para R$ 51,20 em igual mês de 2012. O auge da cifra ocorreu em março de 2013: R$ 59,20. Desde então, vem caindo: R$ 39 em maio, R$ 23 em junho e R$ 13 em julho.
A não ser que ocorra situação climática que justifique novos aumentos, a tendência, segundo Pierre Vilela, coordenador da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Feamg), é de que os preços subam um pouco até o fim do ano, mas não deverão voltar ao pico anterior.
Produtores lamentam a perda na receita. Há casos em que o custo injetado na plantação (insumo, semente, irrigação, mão de obra, frete) é maior do que o valor pago pelo mercado. Resultado: há agricultores que optaram por jogar a lavoura ao chão. É o caso de Welington Alves Rodrigues, de 43 anos, dono de uma plantação em Perobas, distrito de Jequitibá, na região central de Minas Gerais.
Mais conhecido pelo apelido de Tonga, ele preferiu ver boa parte de sua plantação se transformar em adubo. Por algumas semanas, chegou a negociar cada caixa de 20 quilos a R$ 80. Atualmente, consegue no máximo R$ 20. Diante da redução drástica, decidiu apostar no milharal. “Eu terminei de arrancar tudo e vou passar a máquina para plantar milho. Não vale a pena continuar cuidando dos tomateiros, colocar o alimento nas caixas e levá-los para vender, pois a perda é grande”, justificou Tonga.
A 100km dali, na pacata cidade de São José da Varginha, já no centro-oeste de Minas Gerais, produtores estão vendendo a caixa com a mesma quantidade do hortifrúti por um preço ainda menor: R$ 10 em média, em março, ela custava R$ 60. “O problema é que o custo de cada uma é de aproximadamente R$ 15”, calcula Milton Moreira, de 58 anos, presidente da Unicenter, uma central de negócios que reúne agricultores de cinco municípios mineiros.
Gangorra
Enquanto o quilo do tomate despenca, o da batata e o do feijão disparam. O do tubérculo, por exemplo, subiu 67,84%, e o carioquinha, 41%, no acumulado do primeiro semestre, segundo o último balanço divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país.
Os dois valores estão bem acima da inflação oficial, que fechou o semestre em 3,15%. No caso da batata, o índice foi influenciado pela alta do dólar, já que o Brasil importa parte do produto da Europa. Em relação ao feijão, a causa, novamente, se deve às condições climáticas. Houve seca e chuvas desreguladas de março a abril, afetando as lavouras do Paraná e de Minas, principais fornecedores do grão no país. ( PHL)
Fonte: Correio Braziliense
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