Análise de Mercado

Adubo fica mais barato, mas produtor segura a compra

Devida a altos estoques, a baixa é pontual - e os preços seguem acima da média histórica. No PR, onde encomendas estão atrasadas, a espera é por maior desvalorização


Publicado em: 15/03/2012 às 15:10hs

Adubo fica mais barato, mas produtor segura a compra

O alto estoque de fertilizantes está fazendo com que agricultores adiem a compra desses insumos, na expectativa de que os preços - em baixa, embora acima da média histórica - caiam ainda mais. No Paraná, onde a safra de verão começa a ser plantada em junho, foi registrada queda de 12% na procura por adubos durante o mês de janeiro, com base em igual período de 2011.

A situação atual decorre justamente do ano passado, quando houve forte crescimento no consumo e, logo, nas importações de fertilizantes no Brasil, provocando ampla formação de estoques. "Agora, o consumo já caiu. Estamos tendo um decréscimo de preço. As empresas estão regularizando seus estoques", analisa o novo presidente da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav), Marco Antonio Nasser.

A reserva de fertilizantes ficou 48,5% maior no ano passado - saiu de 3,4 milhões de toneladas, em 2010, para 5,1 milhões de toneladas estocadas -, segundo a Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda), em referência ao último dia de cada ano.

"O estoque está alto. A necessidade de compra é menor", pontua Nasser. De modo que a cooperativa paranaense Agrária, que gasta cerca de R$ 160 milhões por ano com insumos, segurou a compra de fertilizantes para ver se os preços baixam ainda mais.

"Esse ano, a gente tem um sentimento de atraso", diz o coordenador de Insumos da associação, Bruno Dandolini, para quem "não há uma redução no consumo de adubos, mas uma queda de braço entre oferta e demanda. Não compramos em janeiro porque a impressão era de que os preços iam cair ainda mais".

Os produtores rurais do Paraná, de modo geral, têm até a metade do ano para negociar com os fornecedores - já que os principais plantios começam em junho. O volume de fertilizantes adquirido em janeiro (248 mil toneladas, ante 274 mil toneladas em 2011, segundo o Sindicato da Indústria de Adubos e Corretivos Agrícolas do Paraná - Sindiadubos) mostra que ainda há muito adubo a ser comprado no estado.

Tendência

Embora haja redução de preços, em função da oferta superar a demanda, o declínio é pontual. "O mercado de fertilizantes, historicamente, está em patamares de preço acima da média, como acontece com as commodities", afirma Dandolini, que estipula, ao considerar o mercado atual, uma média de R$ 1,1 mil por tonelada de adubo.

Se em 2002, um produtor de soja tinha que gastar o equivalente a 936 quilos do milho para adquirir uma tonelada de adubo, hoje em dia o custo é de 1.494 quilos. Dandolini afirma ter visto o custo subir de 1.848 quilos do grão para 2.610 quilos. As comparações têm fundamento em informações da Anda.

"A demanda por fertilizantes cresceu muito no mundo, e no Brasil também. Sem dúvida, os preços estão acima da média histórica", diz Nasser, lembrando que as cotações do adubo estão ligadas ao mercado global, sem que o Brasil tenha influência efetiva sobre os preços praticados no País. Dandolini, por sua vez, frisa que os Estados Unidos irão comprar milhões de toneladas no segundo semestre, pressionando o valor dos insumos. "Quem dita os preços aqui dentro é o mercado externo", enfatiza Nasser.

A tendência para as cotações no mercado interno é de que, daqui em diante e até o fim do segundo trimestre, as empresas devem normalizar seus estoques e estabilizar a oferta a níveis compatíveis com os da demanda, de acordo com o representante. "Dali pra frente, começa a escalada de preços", prevê.

Hoje, "o cloreto de potássio está mais caro, mas o DAP [formulação com nitrogênio e fósforo], mais barato", diz Dandolini.

Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria

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