Publicado em: 26/07/2024 às 08:30hs
A instabilidade política frequentemente provoca volatilidade no mercado financeiro. No Brasil, as recentes movimentações político-econômicas tiveram um impacto profundo na Bolsa de Valores, refletindo as expectativas e incertezas dos investidores internacionais em relação às novas diretrizes governamentais.
A saída de capitais estrangeiros do Brasil tem pressionado a inflação e elevado os custos de importação, criando um ambiente econômico desafiador. Com a redução do fluxo de investimentos externos, setores essenciais para a economia, como infraestrutura e energia, enfrentam escassez de recursos. Consequentemente, o mercado de trabalho é prejudicado e a capacidade do país de atrair novas tecnologias é reduzida.
Entre as mudanças político-econômicas mais significativas está a reforma tributária, que introduziu novas regras para investimentos estrangeiros. “A medida gerou cautela dos investidores que esperam maior clareza e estabilidade antes de reposicionar seus recursos em mercados emergentes como o brasileiro”, revela Ricardo Matte, CEO da Vincit Capital e especialista com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro.
Além disso, a introdução de impostos sobre lucros distribuídos e a simplificação das normas fiscais, embora destinadas a modernizar o sistema, também aumentaram a complexidade e a incerteza tributária.
Para Matte, a instabilidade política e as recentes mudanças econômicas têm levado os investidores internacionais a realocar seus recursos para mercados considerados menos arriscados e com melhores rendimentos. “Essa tendência é impulsionada não apenas pelas políticas internas brasileiras, mas também por fatores externos, como conflitos geopolíticos e o aumento global das taxas de juros”, pontua.
A recente alta na taxa básica de juros (Selic) foi uma medida do Banco Central para combater a inflação. Junto com a incerteza econômica, o aumento acentuado de mais de 10% contribuiu para a volatilidade do Índice Bovespa (IBOV), refletindo as flutuações nas expectativas dos investidores quanto ao custo do capital e ao crescimento econômico. “A perspectiva de retornos mais estáveis e previsíveis leva os investidores a preferirem ativos de menor risco em vez de ações voláteis”, explica.
Nesse sentido, estratégias de investimento que priorizam ações com bons dividendos e títulos de renda fixa podem oferecer uma alternativa mais segura para navegar por um cenário econômico incerto.
Adaptar-se aos desafios e manter uma visão de longo prazo são fundamentais para investidores em um ambiente volátil. Matte recomenda focar em ações de empresas que historicamente oferecem bons dividendos, especialmente em setores resilientes à crise, como energia, telecomunicações e saneamento. “Companhias com gestões sólidas e boa saúde financeira tendem a oferecer maior segurança e retornos mais estáveis”, afirma.
Além disso, Matte destaca a importância dos investimentos em títulos de renda fixa, como LCAs e CDBs. “Devido à isenção de imposto de renda, dependendo do prazo do investimento, as LCAs podem proporcionar retornos líquidos mais elevados. Isso as torna uma opção atraente para investidores que buscam uma alternativa mais segura”, finaliza.
Sobre Ricardo Matte - CEO da Vincit Capital, Ricardo Bacelo Matte é formado em Administração e possui MBA em gestão de negócios e finanças. Com mais de 15 anos de experiência no mercado financeiro, trabalhou com as principais seguradoras e corretoras de investimentos do Brasil e do mundo.
Fonte: Carolina Lara
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