O segmento produtor de borracha natural, obtida a partir da extração do látex da seringueira, movimentou aproximadamente US$ 35 bilhões em 2012 em todo o planeta. Apesar do grande volume, a tendência de déficit da commodity é generalizada.

No Brasil, o mercado atingiu cerca de US$ 1,1 bilhão, embora aqui se produza pouco mais de um terço do necessário. Além da importância econômica, com a geração emprego e renda no campo, a heveicultura representa uma das atividades do agronegócio de maior relevância pelo seu apelo ambiental. É um cultivo de exploração sustentável que pode ser utilizado em projetos de recuperação de áreas degradadas.

É dentro desse contexto econômico e de sustentabilidade que será realizado o III Congresso Brasileiro de Heveicultura. O evento acontece na cidade de Guarapari, no Espírito Santo, entre os dias 24 e 26 de julho. Segundo os organizadores, o objetivo é divulgar conhecimentos técnicos e científicos e promover o intercâmbio de experiências entre produtores rurais, empresários, pesquisadores, ambientalistas, estudantes, entre outros, na busca de soluções para os desafios existentes no agronegócio da borracha natural.

O engenheiro agrônomo Heiko Rossmann, diretor da Lateks Comunicação e membro da comissão organizadora, explica que a programação do evento é baseada em uma consulta pública realizada junto ao setor no início do ano. “O caráter participativo desde a sua concepção faz do Congresso um ambiente propício para a troca de experiências”, afirma. “Entre os diversos temas, eu diria que o destaque é a palestra sobre a heveicultura na Costa do Marfim, país africano que chama a atenção nas estatísticas mundiais. ‘O que é Megaton?’, ‘Como a heveicultura se desenvolve naquele país?’ e ‘O governo central é participativo?’ são algumas das perguntas que precisam de respostas”, destaca Rossmann.

O setor

A heveicultura, nome que designa o plantio de seringueiras para a extração do látex e posterior produção da borracha natural, possui oportunidades inegáveis. O látex é fonte de matéria-prima para uma imensa quantidade de artefatos. Pneus para a indústria automobilística, luvas cirúrgicas, calçados, eletrônicos e eletrodomésticos são apenas alguns dos segmentos onde a borracha é empregada, o que demonstra a influência do segmento.

E além da importância econômica, o cultivo da seringueira representa uma das atividades do agronegócio de maior relevância pelo seu aspecto ambiental. É uma espécie de elevada fixação de carbono atmosférico em sua biomassa, característica significativa para o crescente mercado de crédito de carbono e para ações de mitigação do processo de aquecimento global.

Sua exploração sustentável, que favorece a proteção do solo e da água, transforma o cultivo em uma alternativa para a recuperação de áreas degradadas, ideal para a adaptação de agricultores às novas exigências ambientais exigidas pelo novo Código Florestal brasileiro. A maior preocupação pela sustentabilidade no mercado automobilístico, por exemplo, transformou a borracha natural obtida a partir de seringueiras em importante substituto aos derivados do petróleo.

O mercado

De acordo com o International Rubber Study Group (IRSG), grupo intergovernamental sediado em Cingapura, o desequilíbrio entre oferta e demanda pode alcançar 1,8 milhão de toneladas em 2020 em função do crescimento acelerado dos países emergentes. Apesar da demanda, no Brasil, por exemplo, se produz pouco mais de um terço do necessário. Em 2011 foram cerca 166 mil toneladas, ou apenas 1,5% da produção mundial.

O déficit de matéria-prima no mercado interno cresce à cada ano, especialmente pela falta de investimento em novos plantios. Considerando uma taxa de crescimento médio do consumo de 5% ao ano, a demanda deverá ser de 600 mil toneladas até o final desta década. A produção, no entanto, dificilmente ultrapassará 200 mil toneladas no ritmo atual.

O evento

O III Congresso Brasileiro de Heveicultura é uma co-realização do Centro de Desenvolvimento do Agronegócio (Cedagro), Lateks Comunicação, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (CREA-ES), Instituto Capixaba de Pesquisa e Extensão Rural (Incaper) e Secretaria da Agricultura e Abastecimento (SEAG/ES).

São esperados pelos menos 600 profissionais que atuam em diversas instituições e empresas de toda cadeia produtiva da borracha natural e que vão apresentar os principais avanços obtidos. Serão apresentados trabalhos técnicos e científicos sobre temas variados, como produção de mudas, adubação, irrigação, doenças e colheita. Também, entre os assuntos discutidos durantes as palestras estão o cenário do mercado de borracha natural, o uso da madeira de seringueira, a expansão do cultivo com o novo código florestal, sistemas agroflorestais com seringueiras, gestão de seringais, entre outros.

O evento acontece no Centro de Convenções do Sesc Guarapari. Mais informações sobre horários das palestras, valores para inscrição e hospedagem podem ser obtidas em www.congressoborracha.com.br.