Montante é calculado a partir da diferença entre o valor para produzir e o da receita, multiplicada pelo volume de animais abatidos por mês ao peso médio de 100 kg cada. Cenário atual sinaliza para desabastecimento do mercado interno, com suinocultores deixando a atividade, afirma o diretor da Associação de Criadores de Mato Grosso (Acrismat), Paulo Lucion. Setor sofre com a alta nos custos de produção e a queda dos preços, iniciada após adoção do embargo pela Rússia, em junho de 2011, agravando a crise.

Na ocasião, representantes do segmento cobraram apoio do governo estadual, representado pelo secretário de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf), Carlos Milhomem. Reivindicação é por retomada da isenção do ICMS da energia para os suinocultores do Estado, além de apoio à adoção de contratos de opção para o milho. “Carne suína também tem que ter preço mínimo e, se não há lugar para estocar, temos que ter respaldo do governo para que isso seja solucionado”.

Lucion relata que no mês passado os suinocultores do Estado adquiriram milho estocado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ao preço de R$ 18,44, mas foram tributados em 17%, o que elevou o custo da saca para R$ 23. “Esse preço é equivalente ao cobrado pelo milho em estados que não são produtores”. Nesta safra, Mato Grosso irá colher 10,7 milhões de toneladas do grão, volume 47,6% superior ao obtido na safra 10/11, de 7,2 milhões (t), segundo a Conab.

Apesar da redução na cotação da carne suína para os produtores no último ano, no varejo os preços se mantêm estáveis, favorecendo a indústria e os comerciantes varejistas, denunciam os suinocultores. Em 2010, o quilo do suíno vivo chegou a ser negociado por R$ 3,80, o que significa redução de 56% pelos valores atuais. Para o segmento, seria possível remunerar a atividade se os preços se recuperassem a patamares entre R$ 2,80 (kg) a R$ 3,10 (kg). Suinocultores relatam que está havendo redução no plantel de animais e desemprego no setor. Criador em Sorriso, Jackson Dulnik calcula que esteja acumulando prejuízo mensal de R$ 60 mil. “Se nos próximos 3 meses não mudar essa situação, com a entrada da safra de milho, não vai dar para continuar”.

Consumo - Apesar da crise, a suinocultura garantiu alta de 7,2% no volume de abates no ano passado em Mato Grosso, com 2,090 milhões de cabeças abatidas, contra 1,949 milhão em 2010. Em todo país, foram abatidos 34,861 milhões de suínos. Consumo nacional per capita equivale a 15,1 quilos por ano. Meta é alcançar um consumo per capita de 18 quilos/ano até 2015, informa o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes. Mundialmente, o consumo per capita chega a 40 kg/ano.

Exportações - Redução no consumo de carne suína pelo mercado internacional favoreceu uma retração de 26,22% nos embarques do produto em março deste ano, totalizando 1,027 mil toneladas, contra 1,392 mil (t) em 2011.