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Seminário Internacional Agroceres de Suinocultura: Admirável mundo novo

Para o jornalista e publicitário José Luiz Tejon, impulsionadas pelo progresso tecnológico, as mudanças políticas, econômicas e sociais em curso no mundo nas últimas décadas trazem oportunidades e desafios ao agronegócio. Tejon é um dos palestrantes do 10º Seminário Internacional Agroceres de Suinocultura, que acontece em agosto, no Guarujá (SP)


Publicado em: 13/07/2012 às 17:20hs

Seminário Internacional Agroceres de Suinocultura: Admirável mundo novo

O mundo vive um período de transformações sem precedentes. O crescimento da população mundial, a ascensão do poderio econômico dos países emergentes e, sobretudo, o avanço de novas tecnologias acabaram por forjar uma realidade inédita, particular. Hoje vivemos num mundo totalmente interligado, com estreitas relações econômicas, políticas e sociais, fruto da evolução das tecnologias da informação e da comunicação. É o que o filósofo e educador canadense, Marshall McLuhan, chamou de “aldeia global”; o planeta reduzido a uma aldeia por conta do progresso tecnológico.

Essa nova realidade traz em seu bojo novos interesses e necessidades, constrói novos valores e gera novos desafios para a sociedade contemporânea. O adensamento da população global, por exemplo, impõe uma maior produção de alimentos. O avanço econômico dos países emergentes inclui milhões de pessoas na sociedade de consumo. Com o advento da internet, o fluxo de informações aumentou. As redes sociais reduziram a distância entre as pessoas e, ao mesmo tempo, ampliaram a interatividade entre elas. As pessoas estão mais informadas e, por isso, mais exigentes.  Compreender o  espírito desse novo tempo e saber interpretá-lo é a chave para avançar neste admiravel mundo novo. 

Novo paradigma


Mas como fica o agronegócio diante de tamanhas transformações? De que forma essa nova realidade vêm moldando o setor e que desafios impõe ao agronegócio mundial? “Nesta nova realidade, o agronegócio será cada vez mais percebido, avaliado e valorizado pela visibilidade oferecida ao moderno consumidor, ao longo de toda a sua construção de valor. O que era invisível vai adquirir visibilidade. Surgirão novos sensores, novas percepções, a arte fará parte da nova gestão”, afirma José Luiz Tejon, jornalista, publicitário e presidente da TCA Internacional.

Segundo Tejon, no futuro, a palavra agronegócio será substituída pela trilogia agroconhecimento, agrocompetência e agroatitude. E entre os maiores desafios do setor está a formação de novos gestores, que saibam lidar com essa nova realidade. “A construção de novos líderes é um dos principais desafios. As empresas precisarão aprender a aprender em altíssima velocidade”, adverte.

José Luiz Tejon é um dos palestrantes do 10º Seminário Internacional Agroceres de Suinocultura, que acontece de 29 a 31 de agosto, no Guarujá (SP). Jornalista, publicitário, consultor de empresas, professor universitário, colunista de diversas publicações, Tejon falará sobre as intensas transformações em andamento no mundo e sobre suas implicações na vida das pessoas, na formação de novos hábitos e padrões de consumo e no agronegócio em especial. Na entrevista abaixo, Tejon dá uma breve prévia dos assuntos que abordará no evento. Confira.

O mundo tem vivido nas últimas décadas um período de intensas mudanças. O que se pode depreender desse “admirável mundo novo”?

Tejon - O mundo não só fica mais populoso como extraordinariamente mais conectado pelas redes sociais. A famosa aldeia de McLuhan [Marshall McLuhan, filósofo e educador canadense] agora está presente nas pontas dos dedos digitais e em qualquer terminal de celular no planeta. Uma brutal mudança de interatividade, de informação, de confusão, lixo comunicacional, e também de ampla e maior consciência planetária. Essas transformações ampliam consideravelmente a gestão de risco dos executivos contemporâneos, e os fazem necessariamente serem transformados em educadores e comunicadores instantâneos.

De que forma esta nova realidade vem moldando o agronegócio e quais os desafios que impõe ao setor?

Tejon - O agronegócio, que é a somatória da cadeia de valor, desde a base da ciência e da pesquisa até a mente do consumidor final, do ponto de vista dos produtos gerados no campo, será cada vez mais percebido, avaliado e valorizado pela visibilidade oferecida ao moderno consumidor, ao longo de toda a sua construção de valor. O que era invisível vai adquirir visibilidade. Novos sensores, novas percepções, a arte fará parte da nova gestão, assim como no MIT [Massachusetts Institute of Technology, centro universitário de educação e pesquisa privado localizado em Cambridge, nos EUA], hoje, a arte foi acrescentada ao Science & Technology. Isso quer dizer, precisa de muito marketing no estado da Arte.

O crescimento da população mundial, da renda média nos países em desenvolvimento, e o processo de urbanização em marcha formam o pano de fundo para o crescimento do consumo de alimentos. Ao mesmo tempo, o conceito de sustentabilidade é cada vez mais valorizado pela comunidade mundial. Como o senhor vê essa questão?

Tejon - Espetacular e um ótimo conflito. Sem o bom conflito não existe a criação e o progresso. Isso quer dizer que estaremos cada vez mais assumindo a era do “E” e abandonando a era do “Ou”. Sustentabilidade com escalabilidade e valores percebidos pela mente dos consumidores finais. O mundo vai crescer, vai melhorar, e novos agentes estarão presentes nesse futuro que já começou.

Dentro dessa nova realidade, os padrões de consumo da sociedade mundial não precisarão ser revistos?

Tejon - O que não é, já era. Essa nova consciência já existe, ainda em nichos e segmentos. Mas a busca de um novo rico frugal, por exemplo, da saudabilidade nas exigências de marketing das corporações de alimentos e bebidas; o novo luxo for all, quer dizer, coisas boas e bem feitas para a base da pirâmide social, essa revolução do saber, do saber fazer e do “fazer saber” já está no presente. Seremos uma colcha de retalhos de múltiplas segmentações e nichos de mercado, onde os “valores” serão cada vez mais exponenciais, nas decisões dos clientes.

O senhor costuma dizer que, no futuro, a palavra agronegócio será substituída pela trilogia “agroconhecimento, agrocompetência e agroatitude”. Como e por que se dará esse processo de mudança?

Tejon - Conhecer é o saber. Competência é saber fazer com uma rede de tecnologias e conhecimentos diversos e transversais, e a atitude é o fazer saber, a comunicação, o diálogo, a educação da sociedade e dos agentes envolvidos. Liderar redes complexas é a exigência dos novos CEOs.

Segurança alimentar, sustentabilidade ambiental e social, bem-estar animal são exigências fundamentais para o setor produtor de proteína animal hoje em dia. Além desses, quais outros atributos serão valorizados pelos consumidores no futuro?

Tejon - Capilaridade, exigência sagrada. Multiplicidade de canais, competência em vendas e na formação de redes comerciais poderosas e competitivas. Acesso aos mercados, e cada vez mais marketing, para mentes, corações e “almas”.

Produzir de maneira eficiente e sustentável e, mais do que isso, saber comunicar isso de forma adequada ao consumidor. Essas serão condições essenciais para a competitividade das empresas no futuro?

Tejon - Essas são as ferramentas. A construção de novos líderes é o imenso desafio. A educação de profissionais altamente capacitados, a liderança de times criativos, as empresas que precisarão aprender a aprender em altíssima velocidade. O megadesafio não estará nas caixas operacionais, e sim nos sistemas complexos de liderança, onde o diferencial cada vez mais estará no capital criativo, exigente e demandante de capital afetivo.

A elevação da renda média da população mundial, sobretudo nos países em desenvolvimento, está nivelando hábitos de consumo e criando vários nichos de mercado, principalmente no setor de alimentação. Esse movimento exigirá das empresas do setor maior atenção na elaboração de produtos específicos e direcionados?

Tejon - Sem dúvida, nichos, segmentações, posicionamentos, brand, database, marketing, datamining, governança de redes sociais, criação de comitês de “prosumidores”, consumidores integrados nas decisões da empresa, caminharemos também com a análise sensorial de alimentos e bebidas. Cada vez mais, neurociência com marketing, um mundo mais sensível e mais sensitivo. Temos que estar atentos: vendemos carnes, mas os consumidores consomem prazeres vontades, sonhos, desejos.

Fonte: Assessoria de Imprensa Agroceres

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