Publicado em: 05/03/2012 às 19:10hs
Nessa atividade a empresa desenvolve trabalhos de melhoramento dos índices de produtividade e zootécnicos, com a introdução de uma raça nativa, reconhecidamente prolífera, rústica e precoce, com práticas de manejo racional e científico, socialmente apropriados à pequena produção.
Segundo o pesquisador e engenheiro agrônomo da empresa, Alberto de Almeida Alves, no Nordeste, especialmente no Estado da Bahia, apesar do maior retorno econômico com a produção de suínos tipo carne, usando raças exóticas, foi constatado que grande número de agricultores familiares criam suínos de raças nacionais, correspondendo a 90% do rebanho existente na região. Ele explica que apesar da preferência pelas raças nacionais, esse tipo de exploração apresenta baixos índices de produtividade, animais com grande porcentagem de gordura e abatidos, tradicionalmente, depois de prolongado período de recria e engorda, o que desvaloriza o produto.
Na agricultura familiar, este tipo de criação destina-se, basicamente, ao consumo familiar e o excedente é comercializado em feiras livres através de intermediários. "Nessa situação, é raro encontrar-se um produtor que atenda às necessidades do mercado e use técnicas aprimoradas de manejo", enfatizou o pesquisador que complementou: "o nosso trabalho é primordialmente voltado para mudar essa realidade, criando condições de exploração da raça, pela agricultura familiar, de forma a torná-la produtiva e compensadora".
Plantel e resultados - Para os trabalhos de pesquisa desenvolvidos em Itaberaba, a empresa mantém um plantel estabilizado de suínos da raça Piau, com 3 reprodutores, 20 matrizes e 5 fêmeas nulíparas (que ainda não emprenharam). Com esses animais foram alcançados resultados quanto aos índices zootécnicos, tais como: 8,6 leitões nascidos vivos/parto/porca; 6,47leitões desmamados/parto/porca; 1,26kg de peso dos animais ao nascer; 6,7kg como peso dos animais apartados com 40 dias. "Estes índices são inferiores aos preconizados para a suinocultura tecnificada de raças exóticas, porém, muito superiores aos índices zootécnicos obtidos na suinocultura de manejo tradicional, utilizando raças nacionais", comentou Alves.
Para o gerente de Itaberaba, Paulo Pina, este trabalho é de grande importância tanto do ponto de vista de preservação da raça, por ser genuinamente brasileira, como do ponto de vista de aproveitamento pela agricultura familiar, por se tratar de uma raça rústica, resistente e já adaptada às condições do semiárido. "Esta raça estava em extinção e agora, com o trabalho da EBDA, está sendo preservada e mais, servindo a outras unidades de pesquisa do país", garantiu o gerente.
Características - Segundo Alberto Alves, a Piau foi a primeira raça nativa a ser registrada no Brasil (1989), com origem nos Estados de Goiás, Minas Gerais e São Paulo. A palavra Piau, de origem indígena, significa "malhado", "pintado", em função da sua pelagem manchada, sendo que existem Piaus grandes, médios e pequenos.
A raça é conhecida pela rusticidade, o que lhe confere resistência, e pela facilidade em sua alimentação, pois pode ser alimentada com produtos oriundos da própria fazenda, tais como, frutas, verduras e raízes. Também apresenta boa taxa de conversão, já que, com a alimentação fornecida na propriedade ela consegue ganhar peso e manter taxa de prolificidade (parição) satisfatória -uma média de 12 bacurinhos, por parição. "Considerando as qualidades da raça e convergindo estudos para uma produção familiar, acreditamos que a raça Piau se tornará em mais uma alternativa viável e geradora de recursos para a manutenção da família agrícola", concluiu o pesquisador.
Fonte: DCI - Diário do Comércio & Indústria
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