Mercado Florestal

Pesquisa de 12 Anos Revela Estratégias para Plantio de Árvores em Sistemas ILPF

Resultados Fornecem Diretrizes para Otimizar o Uso de Árvores em Diferentes Propriedades


Publicado em: 24/07/2024 às 11:25hs

Pesquisa de 12 Anos Revela Estratégias para Plantio de Árvores em Sistemas ILPF
Foto: Gabriel Faria

A Embrapa Agrossilvipastoril está concluindo o primeiro ciclo de 12 anos de um dos maiores experimentos mundiais em sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), realizado em Sinop (MT). As pesquisas forneceram dados cruciais para orientar a aplicação do componente arbóreo em diferentes sistemas produtivos, ajudando na definição da melhor estratégia de uso das árvores para cada propriedade.

A escolha da abordagem para o plantio de árvores em sistemas ILPF varia de acordo com o interesse do produtor e as características específicas de cada propriedade. Fatores como o destino da madeira, o mercado consumidor, a forma de colheita e a utilização das árvores para complementar ou substituir a renda precisam ser cuidadosamente avaliados. Assim, cada projeto se torna único e deve se basear em fundamentos técnicos sólidos, como os resultados obtidos nesta pesquisa.

O estudo utilizou eucalipto (clone H13), uma espécie de crescimento rápido, com técnicas silviculturais desenvolvidas e múltiplos usos. As árvores foram testadas em sistemas de integração lavoura-floresta (ILF), integração pecuária-floresta (IPF) e ILPF, além de monoculturas usadas como controle. O plantio inicial ocorreu em renques de três linhas, com espaçamento de 30 metros, sendo posteriormente ajustado para linhas simples com espaçamento de 37 metros em alguns tratamentos.

A pesquisa acompanhou o desenvolvimento das árvores, incluindo operações de manejo como poda e desbaste, além de dados sobre crescimento, acúmulo de biomassa e carbono, efeito bordadura dos renques e estoque de madeira.

Nos 12 anos do experimento, os sistemas integrados produziram entre 87 m³ e 114 m³ de madeira por hectare. O volume variou conforme o número de árvores mantidas até o final do estudo. “Em sistemas integrados, é crucial considerar a produtividade total. Aumentar o número de árvores pode reduzir a produção de lavoura e pecuária, portanto, o número de árvores deve ser avaliado no contexto global do sistema”, explica o pesquisador Maurel Behling.

A área testemunha com monocultura de eucalipto produziu 350 m³/ha ao longo dos 12 anos, alinhando-se com a média anual de incremento do H13 em Mato Grosso, que é de 32 m³/ha.

Comportamento de Crescimento e Acúmulo de Carbono

Os dados mostraram que os sistemas integrados proporcionaram o chamado efeito bordadura, onde as árvores externas recebem mais luz, água e nutrientes, resultando em maior crescimento. Esse efeito foi mais acentuado nas árvores externas da monocultura e em renques triplos na ILPF, com as árvores do meio e as de monocultura apresentando menor diâmetro à altura do peito (DAP).

O sistema ILPF, que inicialmente usou renques triplos e depois simplificou para linhas simples, acumulou mais carbono, excedendo 30 kg/ano por árvore, significativamente mais do que os cerca de 20 kg/ano na monocultura. “O sistema ILPF não só favorece o ganho em volume de madeira, mas também aumenta o acúmulo de carbono, que tem um ciclo de vida mais longo comparado ao usado como biomassa”, destaca Behling.

O carbono também é armazenado na área em forma de folhas, galhos e matéria orgânica. “A área com árvores deixou cerca de 10 toneladas de resíduos por hectare, além de tocos e raízes, que representam em média 20% da biomassa total”, completa o pesquisador.

Recomendações para o Planejamento

Behling afirma que os resultados obtidos, junto com as experiências de produtores em Unidades de Referência Tecnológica em Mato Grosso, fornecem bases para o planejamento de sistemas ILPF. Para adicionar renda ou melhorar o conforto térmico para o gado, sistemas com linha simples são mais apropriados. Para quem busca um modelo com mais árvores e compensação pela perda de produção, renques múltiplos podem ser considerados.

“Para a produção de biomassa, é crucial ajustar o número de linhas de acordo com o parque de máquinas disponível para colheita, visando viabilizar os custos”, orienta Behling. A análise do mercado consumidor de madeira é igualmente importante. Enquanto a madeira para serraria tem maior valor agregado, a demanda por biomassa para caldeiras está crescendo na região, especialmente com a recente expansão das usinas de etanol de milho.

“A demanda por madeira serrada de eucalipto ainda está em desenvolvimento na região, mas há mercado para madeira tratada para mourões de cerca, postes e construção civil”, observa Behling.

Encerramento do Ciclo e Perspectivas Futuras

O primeiro ciclo do experimento ILPF, focado na pecuária de corte e produção de grãos, está terminando com o corte raso dos eucaliptos após 12 anos. Restam 3.666 árvores em 43 hectares, sendo 3 ha de monocultura e 40 ha de IPF, ILF ou ILPF. A colheita deve render cerca de 3.568,33 m³ de madeira, o que representa aproximadamente R$ 514 mil, com valores ainda maiores se destinada à serraria. Além da madeira, a área também produziu carne e grãos.

O próximo ciclo começará no período chuvoso, com a inclusão da teca como componente arbóreo, e o teste de consórcio com eucalipto. A teca, que perde suas folhas no período seco, pode reduzir a sombra para os animais, e o eucalipto ajudará a manter o conforto térmico, escalonando as receitas obtidas com as árvores.

Conheça outros resultados de pesquisa obtidos neste experimento:

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias