Mercado Florestal

Crise afeta a cadeia de suínos no Paraná

A crise que afeta a cadeia de suínos e já levou 10 prefeituras de Santa Catarina a decretarem estado de emergência, chegou ao Paraná


Publicado em: 10/07/2012 às 16:10hs

Crise afeta a cadeia de suínos no Paraná

Diante de elevados custos de produção e baixa nos preços recebidos pelas granjas, os criadores paranaenses também entraram estado de alerta. O quadro crítico é considerado o pior de todos os tempos e tem feito o número de produtores da carne cair no estado. Na região de Toledo, no Oeste do estado, o número de criadores caiu quase à metade nos últimos 5 anos e tende a piorar. De 1,5 mil para 800 em, conforme Associação Regional dos Suinocultores do Oeste do Paraná (Assuinoeste). "Se a crise não estagnar, mais gente vai desistir", diz Darci José Batckes, presidente da entidade. Referência nacional em produção de suínos, Toledo tem hoje o maior plantel do estado, com economia dependente da atividade. Dos mais de R$ 1 bilhão que a região fatura com a produção agrícola, cerca de R$ 400 milhões partem das granjas de porcos. Já o Oeste abriga metade da produção paranaense da carne.

A crise da suinocultura começou, de forma mais efetiva, há um ano com os embargos russo e argentino. Na falta de comprador externo, a oferta do produto aumentou significativamente no Brasil, deixando o mercado interno sobrecarregado. Segundo a Associação Paranaense de Suinocultores (APS), o aumento da produção na região Sul foi de 8% em 2011."Estávamos com o setor estabilizado, com equilíbrio entre oferta e demanda, mas surgiram rumores de que haveria uma maior abertura para o mercado externo, o que incentivou aumento na produção", resume Carlos Francisco Geesdorf. "O comércio com a Rússia é abalado por um jogo político. A gota d'água foi a Argentina, que também restringiu as compras, fazendo com que sobrasse muita carne no mercado", complementa.

O aumento da oferta é resultado dos investimentos que o setor promoveu nos últimos anos na expectativa do aumento da exportação. Como isso não se concretizou, a saída adotada pelas grandes empresas, que representam cerca de 80% do mercado, foi despejar o produto no mercado interno. "Elas [empresas] dominam as vendas. Porém, quando não acontecem, a opção é jogar o preço lá embaixo para vender no mercado interno", lamenta Batckes. "Para os pequenos e médios produtores vale mais abater o animal na hora que nasce para não ter prejuízo."

Diante do agravamento do quadro da suinocultura no Paraná, muitos produtores estão mudando de ramo. O criador Ivacir Cerutti, de Toledo, é um dos poucos que ainda aposta na criação de porcos, apesar de o lucro estar praticamente empatado com os custos. Ele diz estar entregando o quilo do suíno vivo a R$ 1,60, abaixo da média, de R$ 1,80 por quilo, apontada para a região. Ele vende 200 animais por semana para um comprador independente e ainda não largou a atividade porque consegue reduzir seus custos processando o farelo de soja e produzindo ração na própria granja. "Prefiro vender à vista a perder de vista", brinca Cerutti. "O que a gente precisa hoje é de preço mínimo", sugere.

Para agravar a situação, o custo aumentou em função da alta dos preços do milho e farelo de soja, produtos utilizados na alimentação dos animais. Com isso, criar um porco até o momento do abate custa, em média, R$ 2,50 por quilo, sendo que os produtores recebem R$ 1,70 por quilo ou até menos na hora da venda. "O crescimento do preço [da ração] foi astronômico. Todos esses fatores convergiram para a crise atual", reforça Geesdorf.

Embargo

Argentina volta a comprar, mas em menor escala

A reabertura do mercado argentino à carne suína brasileira, confirmada na semana passada, animou o setor, mas só deve surtir efeito no médio ou longo prazo. “Entre abrir o mercado e de fato comprar tem uma distância. O volume que o país deseja importar é bem inferior se comparado às negociações passada e não há garantias de pagamento”, diz Carlos Geesdorf, presidente da Associação Paranaense dos Suinocultores (APS).

Segundo ele, a Argentina comprava 4 mil toneladas de carne por mês até o ano passado e agora os importadores esperam comprar esse volume até o fim do ano. Com os mercados russo e argentino fechados, a exportação de junho frustrou o setor. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), o Brasil embarcou 43,9 mil toneladas e faturou US$ 108,40 milhões no mês passado, queda de 16,76% em volume e 28,75% em receita na comparação com junho de 2011.

A Ucrânia passou a figurar como primeiro importador do produto em junho, com 11,9 mil toneladas, mas, segundo a entidade, o novo cliente paga menos do que a Rússia.

36%

É participação do mercado russo nas vendas externas de carne suína do Paraná, quarto maior exportador nacional. Com embargo promovido pelo país em junho do ano passado, Brasil passou a exportar para a Ucrânia, que consome mesma quantidade, mas paga menos pela carne.

Pedido

Produtor quer preço mínimo e garantia de comércio

Liderado por associações de nacionais e regionais, o ato público programado para a próxima quinta-feira, em Brasília, fará uma série de reivindicações. “Vamos pedir para o governo não liberar mais dinheiro para as grandes empresas, que distorcem os preços do mercado. Também vamos exigir que 20% da produção dos grandes grupos sejam comprados de pequenos produtores”, diz Darci José Batckes, presidente da Associação Regional dos Suinocultores do Oeste do Paraná (Assuinoeste).

Apesar do ato público, o presidente da Associação Paranaense de Suínos (APS), Carlos Geesdorf, não acredita que as coisas mudem no curto prazo. “Fatores que serão discutidos, como a adoção de preço mínimo e a renegociação de dívidas, só empurram com a barriga, mas não resolvem”, argumenta.

Para Geesdorf, uma saída eficiente seria a compra do produto por parte do governo, ajudando a escoar a carne. Outra possibilidade é o apoio ao insumo, reduzindo impostos para diminuir o custo de produção.

Fonte: Gazeta do Povo

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