Mercado Florestal

Argentina fixa importação de suínos em 2,2 mil toneladas por mês

Acordo engessa as exportações brasileiras do produto para o país vizinho


Publicado em: 10/05/2012 às 15:40hs

Argentina fixa importação de suínos em 2,2 mil toneladas por mês

O governo da Argentina fixou em 2,2 mil toneladas/mês a cota de importação de suínos, e condicionou a reabertura do mercado ao cumprimento de, pelo menos, dois dos requisitos exigidos pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, à indústria argentina: que as empresas exportem o mesmo valor importado e que apresentem listas de preços praticados no mercado doméstico.

O acordo para fixar a cota havia sido antecipado pela “Agência Estado” na semana passada, mas não atende às necessidades dos exportadores brasileiros já que o volume liberado é inferior ao esperado e se destina a todos os países, ainda que 80% das importações argentinas do setor venham do Brasil.

O ministro de Agricultura do Brasil, Mendes Ribeiro, havia negociado com o ministro argentino Norberto Yauhar uma cota de entre 3 mil a 3,5 mil toneladas por mês. Porém, Moreno só aceitou um total anual de 26,4 mil toneladas de carne in natura e toucinho. O volume representa uma redução de 20% do que a indústria importou no ano passado e não poderá incluir nenhum produto industrializado, o que prejudica os exportadores brasileiros de frios e embutidos.

No que diz respeito aos produtos industrializados, Moreno permitirá a entrada de um último carregamento de 60 toneladas de presunto cru espanhol, que se encontra no porto. “Depois disso, não vai entrar nada industrializado”, disse a fonte.

O acordo terá prazo de um ano, contando a partir desse mês, com revisão prevista em três meses. “Se os preços do setor aumentarem e se houver desabastecimento, o governo poderia permitir a importação de algum produto industrializado e aumentar a cota de entrada de carne in natura”, disse à AE uma fonte que acompanha as negociações.

Embora esteja disposto a reabrir o mercado argentino que está fechado desde fevereiro, Moreno deu um prazo de sete dias para que a indústria apresente suas listas de preços aplicadas no mercado local e o compromisso de exportação. A indústria que não cumprir o prazo e os requisitos não poderá importar.

“Acreditamos que esses requisitos são de difícil cumprimento, especialmente porque o setor não se caracteriza pela exportação. E o governo vai acabar criando um comércio ilegal de suínos”, opinou a fonte. Os representantes da indústria estão otimistas sobre a reabertura do mercado, mas se mostram preocupados sobre a viabilidade de manter o acordo com o secretário Moreno.

“Não sabemos se podemos cumprir o requisito de exportar porque não somos exportadores”, reclamou uma fonte. Os fabricantes de frios e embutidos argentinos não têm produção excedente para exportação. Por isso estão procurando exportadores de vinhos, queijos e outros produtos para formar alianças.

O acordo entre os frigoríficos e produtores foi entregue ao secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, na quarta-feira da semana passada. Porém, o funcionário solicitou a inclusão no texto de um compromisso por parte da indústria de compensar as importações com exportações no mesmo valor. E todos os representantes da cadeia tiveram que se sentar novamente na segunda-feira para fechar o texto.

Moreno também pediu que o acordo explicitasse a proibição de importar produtos terminados e carne com osso e estabelecesse a obrigatoriedade do setor de apresentar listas de preços à Secretaria. O texto incluiu ainda a proibição de importar tripas de bovinos para estimular a produção local. O principal fornecedor de tripas para o país é o Paraguai, que será afetado pela medida.

A indústria e os produtores tiveram que reduzir as diferenças para chegar a um consenso sobre o volume de importação porque os frigoríficos trabalham com 25% de sua capacidade e a produção nacional de suínos não é suficiente para atender a demanda interna.

Fonte da indústria detalhou que o Chile não competiria com o Brasil pela cota de carne, já que seu foco de exportações é a carne com osso, especialmente o pernil, usado para a fabricação de presunto cru. “Esse tipo de produto vai continuar proibido”, disse a fonte. Porém, no que diz respeito ao toucinho, o Brasil terá que competir com a Dinamarca.

Fonte: Agência Estado

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