Mercado Florestal

A exclusão dos pequenos suinocultores

Apesar da melhora nos preços, especialistas avaliam que os pequenos suinocultores estão sendo gradativamente excluídos do processo produtivo


Publicado em: 22/10/2012 às 20:40hs

A exclusão dos pequenos suinocultores

Nos últimos dias, os suinocultores do Alto Uruguai receberam uma boa noticia, é o aumento no preço pago pela carne suína. Nos últimos três anos, a maior parte dos produtores não trabalhou com margem de lucro, visto que o preço pago pelas empresas que industrializam a carne não cobria os custos de produção.

Ao fazer uma análise da atual conjuntura de mercado, a expectativa é que o preço pago aos suinocultores se mantenha estabilizado, porém, a notícia não chegou a animar os produtores da região.

O município de Aratiba está consolidado como uma das principais economias do Alto Uruguai. Segundo o prefeito Luiz Ângelo Poletto o município é o maior produtor de suínos do Alto Uruguai, e o setor agrícola é um dos pilares centrais de arrecadação, por isso, a situação dos últimos três anos preocupou muito os gestores da cidade.
 
Para o prefeito, certamente a atual elevação nos preços pagos aos produtores é uma boa notícia, mas está muito aquém do que seria o ideal para que o produtor tenha uma margem de lucro segura e com capacidade de investimento. Hoje não é possível calcular o impacto nos cofres públicos em função do mau momento vivido pelo mercado nos últimos três anos, pois além da geração de impostos direta, são centenas de produtores que dependem diretamente desta atividade. O prefeito avalia que atualmente a atividade é viável somente aos produtores que trabalham em larga escala, visto que a margem de lucro é muito reduzida e mal cobre os custos de produção.

O presidente do Núcleo de Suinocultores de Aratiba, Darci Jorge Klein, faz uma análise semelhante. Ele acredita que a produção de carne suína está passando por um momento de transição, sendo que pequenos produtores não terão mais como se manter no mercado. “Há quatro meses o preço chegou ao patamar mais baixo, que foi de R$ 1,50 o quilo. Atualmente o preço começou a se recuperar e hoje o valor pago pelo quilo do suíno é de R$ 3,00 no Rio Grande do Sul. Este valor é igual ao que estava sendo pago há 10 anos, quando o custo de produção era 50% menor. Atualmente, em São Paulo o preço pago é de aproximadamente R$ 3,40. Com isso acaba sendo vantagem para os produtores pagar o frete até São Paulo e comercializar o suíno em frigoríficos daquela região” enfatiza Klein.

Segundo ele, uma alternativa à opção de comercializar o suíno em outros estados, é a dos produtores passarem a industrializar a carne no próprio município. Uma das opções seria que as agroindústrias locais passem a absorver uma quantidade maior da carne produzida no município, assim, o produtor não precisaria arcar com o preço do frete e desta forma ter uma margem maior de lucro.

Klein enfatiza que gradativamente os suinocultores estão abandonando esta atividade, e os primeiros a deixar de produzir são os pequenos produtores.

“Atualmente o preço melhorou, já há uma pequena margem de lucro, é um nível considerado bom se for comparado com os últimos três anos. Porém, no período em que os suinocultores operaram sem uma margem de lucro muitos desistiram desta atividade. O número de suinocultores em Aratiba passou de 260 em 2009 para 133 em 2012, mesmo assim a produtividade do município não chegou a ser reduzida”, diz ele. A análise feita é que os pequenos produtores estão passando para outras atividades, sendo que os médios e grandes suinocultores estão gradativamente produzindo em uma escala maior, para conseguir cobrir seus custos no volume da produção. Aqueles produtores que trabalharam com estruturas que comportem menos de mil suínos estão sistematicamente sendo excluídos do processo produtivo.

O presidente do Núcleo de Suinocultores de Aratiba diz que o futuro da produção é bastante incerto. A situação da produção em outros países, como os Estados Unidos, traz a expectativa que os preços se mantenham estabilizados e o produtor siga com uma margem de lucro, mesmo que pequena.

Entidades que representam a classe buscaram junto aos governos Federal e Estadual meios de tornar a atividade viável, conquistaram a renegociação da dívida de custeio e a redução de ICMS em alguns períodos. Foram medidas paliativas, amenizaram a situação, porém segundo os produtores, uma solução definitiva seria uma política de preços mais adequada aos produtores.

Fonte: Diário da Manhã - Passo Fundo

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