Publicado em: 28/09/2021 às 08:20hs
A escolha das espécies vegetais para compor um sistema agroflorestal depende dos objetivos de cada agricultor(a). Uma das estratégias mais adotadas é a implantação de grande diversidade de espécies de árvores e arbustos, bem como de culturas agrícolas.
Ao iniciar um SAF, são implantadas as espécies vegetais para fins agrícolas (exemplos: batata doce, rúcula, cebolinha, açafrão, gengibre, abóboras, milho, feijões, mandioca, couve, banana, citros, entre outras) e, ao mesmo tempo, as árvores e arbustos destinados à melhoria ambiental.
Quando é feita a colheita de cada espécie agrícola de ciclo curto, implanta-se outra logo após, utilizando-se a rotação de cultivos (exemplos: colhe a batata doce e planta feijões na mesma área; colhe feijões e planta abóboras, e assim por diante).
Nesse processo utilizam-se espécies de ciclo anual (exemplos: podem ser dezenas de hortaliças, espécies produtoras de grãos, entre outras; espécies bianuais (abacaxi, sorgo forrageiro, mandioca para farinha ou amido...), trianuais (mamão, maracujá...) e espécies perenes (banana, citros, coco da Bahia, manga, abacate, entre outras). Assim, o sistema proporciona segurança alimentar e nutricional e viabilidade econômica, pois é possível produzir alimentos e gerar renda continuamente, desde os primeiros meses e até durante décadas.
A boa diversidade vegetal nos SAFs forma diferentes alturas (como se fosse um prédio de vários andares), e as partes aéreas e raízes das plantas, com as diferentes características de cada espécie, somam-se para fortalecer os processos naturais, também chamados de serviços ambientais, resultando em melhorias do meio ambiente.
Um dos importantes serviços ambientais que esses sistemas proporcionam é a melhoria do microclima. Ou seja, tanto a temperatura do ar como a do solo ficam mais estáveis, mais agradáveis aos agricultores(as) e a todas as espécies vegetais cultivadas, bem como aos organismos nativos que vivem nos SAFs, os quais ajudam a melhorar a qualidade do solo e o equilíbrio biológico.
Outro serviço ambiental destacável é a melhoria do ciclo da água, pois facilita a sua infiltração no solo, alimentando o lençol freático e, consequentemente, fortalecendo as nascentes e os mananciais superficiais de água.
Vários estudos também mostram o aumento da fertilidade, estrutura e da vida do solo, melhorando a sua qualidade, reduzindo e até dispensando o uso de fertilizantes.
Com o aumento do equilíbrio biológico nesses sistemas, ocorre baixo ataque de pragas e doenças nos cultivos agrícolas, tornando-se desnecessária a utilização de defensivos e, consequentemente, facilitando a viabilização da produção orgânica.
Ainda, esses sistemas produzem outros serviços ambientais, tais como: melhoria da polinização e aumento da estocagem de carbono no solo e na biomassa das plantas (importante para diminuição de gás carbônico na atmosfera e, consequentemente, diminuição dos impactos com o aquecimento global).
Os sistemas agroflorestais biodiversos podem ser adotados para diversificação da produção agropecuária, recuperação de Áreas de Reserva Legal (ARLs), bem como de Áreas de Preservação Permanente (APPs). Ressalta-se que esses sistemas exercem múltiplas funções em APPs e ARLs, pois possibilitam a produção de alimentos e geração de renda ao mesmo tempo em que recupera essas áreas.
A Embrapa Agropecuária Oeste desenvolve pesquisas com SAFs desde 2007, envolvendo diferentes temas para subsidiar agricultores, técnicos, agentes de crédito (bancos e cooperativas) e governos, com intuito de favorecer adoção desses sistemas e a obtenção dos múltiplos resultados positivos que esses sistemas são capazes de proporcionar.
Destacam- se os seguintes trabalhos:
Milton Parron Padovan - Pesquisador Embrapa Agropecuária Oeste - Dourados, MS
Fonte: Embrapa Agropecuária Oeste
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