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Transporte limpo

Prefeituras e empresas criam parcerias e colocam nas ruas veículos movidos a biocombustíveis


Publicado em: 02/02/2012 às 09:50hs

Transporte limpo

Em uma movimentada avenida de São Paulo, no horário de pico, dezenas de pessoas esperam por seus ônibus, na volta para casa. Nas ruas, 15 mil desses veículos de transporte coletivo disputam espaço com milhares de carros, que juntos contribuem para o aumento da poluição da cidade. Na calçada, cada passageiro vai para uma região diferente. Apesar dos destinos distintos, em comum, alguns deles têm o fato de viajarem em ônibus movidos a biocombustível. Isso mesmo.

Desde fevereiro de 2011, a Ecofrota paulistana já tem nas ruas quase 1.500 veículos, o equivalente a 10% da frota total da cidade, que rodam com uma mistura do diesel convencional acrescido de etanol, diesel feito de cana-de-açúcar ou grãos. As porcentagens variam entre 10% (B10) e 20% (B20) na mistura, mas juntas, são capazes de reduzir consideravelmente a emissão de poluentes.

Só para se ter uma ideia, desde o início da iniciativa até janeiro deste ano, já houve uma redução de 13,9% nas emissões de poluentes dos veículos do programa. “A legislação de São Paulo determina que até 2018, 100% dos veículos de transporte da cidade circulem usando fontes renováveis de energia”, explica Márcio Schetino, assessor de assuntos ambientais da Secretaria de Transporte de São Paulo.

No ano passado, a Prefeitura investiu R$ 47,6 milhões no programa. Como o investimento por parte das empresas de transporte é alto e o biocombustível tem um custo superior ao do diesel, o município arca com a diferença entre o preço dos combustíveis, entre outros itens necessários para o funcionamento da iniciativa.

A montadora sueca Scania, uma das parceiras, entregou no ano passado o primeiro lote do seu modelo movido a etanol, para uma das empresas de transporte da cidade. A companhia, que já vende os veículos há 30 anos na Europa, é responsável pela manutenção preventiva dos seus modelos que circulam na capital paulista, até cada um completar 120 mil quilômetros rodados.

Além dos veículos movidos a biocombustível, o Ecofrota também está investindo na renovação da frota de trólebus da cidade, dos 190 circulando, 140 já foram renovados, gerando mais conforto aos usuários e menor consumo de energia. O programa também já testa o ônibus híbrido, que usa etanol e diesel para dar partida no motor e a energia elétrica como combustível.

Para o professor doutor Paulo Anselmo Ziani Suarez, coordenador do curso de Química Tecnológica e do Laboratório de Materiais e Combustíveis da Universidade de Brasília (UnB), iniciativas como estas, de testes e uso de biocombustíveis nas frotas de transporte público são ótimas. “É na prática que se pode avaliar de forma mais conclusiva o rendimento desses combustíveis e quais porcentagens da mistura são mais indicadas”, explica.

Outro ponto ressaltado por Suarez é a redução na emissão de enxofre e hidrocarbonetos, os quais contribuem para o surgimento de problemas respiratórios nas pessoas. No caso do uso do B20 feito de grãos, houve redução de até 22% na emissão de material particulado, 13% de monóxido de carbono e 10% de hidrocarbonetos. No caso do diesel de cana, os testes realizados apresentaram redução de até 41% de fumaça preta, comparado com os veículos abastecidos com diesel B5.

Referência nacional


A 410 quilômetros da capital paulista, Curitiba, no Paraná, já é referência no uso de biocombustíveis no transporte público. Desde 1995, o município vem desenvolvendo pesquisas e testes, que começaram com o reaproveitamento do óleo de cozinha e hoje já evoluíram para o uso do biodiesel à base de soja. Em 2009, os primeiros ônibus da nova frota foram colocados em circulação, sendo três deles fabricados pela Scania e outros três pela Volvo.

Depois dos testes com o B5, B10 e B20, a cidade agora utiliza o B100 para mover os ônibus municipais. Isso significa que 95% da composição é à base do biocombustível. “Os outros 5% são de diesel, necessário apenas para que haja a explosão no motor e o veículo dê a partida”, explica Elcio Karas, gestor da Área de Inspeção e Cadastro da Urbs, empresa municipal responsável pelo gerenciamento do transporte da cidade.

O projeto conta com parceiros de peso, entre eles as duas montadoras citadas acima, Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar), entre outras. O biodiesel à base de soja é adquirido da BSBios a preços reduzidos e monitorado mensalmente para garantir a qualidade do produto e durabilidade dos ônibus. Karas explica que até onde se tem notícia, Curitiba é a primeira cidade a ter veículos de transporte público usando o B100.

A cidade também já testa o uso dos veículos híbridos no transporte coletivo. A primeira fase do projeto será concluída em fevereiro, quando serão analisados os primeiros resultados e o início da próxima etapa. “Nossa meta é ter entre 5% e 10% da frota urbana de ônibus rodando com combustíveis renováveis”, afirma Karas.

Fonte: SouAgro

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