Publicado em: 06/09/2022 às 19:20hs
Consultora em biogás do referido instituto, Leidiane Ferronato Mariani explica que esse volume pode partir de três nichos importantes: a indústria, a pecuária e o saneamento. “São nichos que vão contribuir de forma expressiva para a diversificação econômica da energia verde no Estado”.
“Quando falamos de números, essa representação partindo da indústria pode chegar a 73% na capacidade volumétrica de colaboração com a geração de biogás. A pecuária também entra nessa esfera com a destinação dos resíduos de alimentos. Essa destinação pode favorecer a produção com 12% do volume. Já o saneamento, com a contribuição dos aterros pelos municípios mineiros, a fatia pode chegar a 14%”, detalha a consultora.
Para que esse desenvolvimento seja concretizado de forma acelerada em Minas, Leidiane Mariani sugere alguns pontos importantes. “É fundamental que exista um padrão estadual de licenciamento ambiental para projetos de biogás, o incentivo de cadeias de fornecimento pelas cidades, métodos que permitam os cálculos locais referente aos benefícios desses projetos e condições fiscais de diferentes tecnologias para este tipo de energia”, aponta a especialista.
À frente das negociações para fomentar o conhecimento sobre o mercado de biogás no Estado, a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) aposta em boas perspectivas para transformar Minas Gerais numa grande usina de energia verde. “Precisamos difundir esse tema, pois essa matriz energética tem as mesmas características e talvez até maior que a energia eólica e solar no País”, enfatiza o presidente da Fiemg, Flávio Roscoe.
“Observamos que o viés ambiental por meio da produção de açúcar e álcool está bem à frente. Eles estão impulsionando o mercado limpo de energia, que tem feito um importante papel neste sentido. No entanto, resíduos como bagaço de cana, bagaço de banana, dentre outros, muitas vezes descartados, servirão para a geração de uma nova matriz energética verde. Isso vai reverter toda uma imagem existente de que o setor produtivo é altamente poluente. E precisamos mostrar que o Brasil é um País referência em produção de energia renovável e verde”, acrescenta o executivo.
Em junho foi aprovado em primeiro turno na Assembleia Legislativa de Minas Gerais o Projeto de Lei (PL) 5.240/18, que dispõe sobre a Política Estadual do Biogás e Biometano. Com a aprovação, grandes são as expectativas acerca do potencial de geração no Estado. Tamanho otimismo se deve principalmente às diversas fontes de biomassa advindas tanto do agronegócio quanto da indústria e a partir da modernização da política de saneamento em curso.
Na prática, o texto trata da cadeia produtiva dos combustíveis, citando, entre outros, o conjunto de atividades, empreendimentos e arranjos produtivos com alguma relação com produtos derivados da biodigestão, inclusive de resíduos sólidos e efluentes. Também cita os objetivos da nova política, como incrementar, em bases econômicas, sociais e ambientais, a participação do biogás e do biometano na matriz energética estadual.
A Fiemg ressalta que em relação aos avanços para a regulamentação da atividade de biogás e biometano no Estado, várias reuniões estão sendo conduzidas com a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Inovação (Sedi), Secretaria da Fazenda (SEF), dentre outras instituições, além de investidores. Esses encontros servem para mostrar quais são os gargalos dentro desse processo. “Estamos trabalhando na simplificação dos regulamentos, na questão da política do biogás que já existe na Assembleia Legislativa de Minas Gerais, faltando apenas colocar em plenário a votação. Inclusive, já trouxemos o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) para os financiamentos de crédito para viabilizar e fomentar esse mercado”, informa a gerente de Energia da Fiemg, Tânia Santos.
Ela explica que estão sendo firmadas parcerias com potenciais fornecedores do setor sucroenergético, aterros sanitários e Sindicato Patronal de Limpeza Urbana de Minas Gerais (Sindilurb). Todos os sindicatos de indústrias alimentícias que geram biomassa para a geração de energia também estão inseridos nos trâmites. “Para isso, já estamos com os produtores, os investidores, o Estado, que regulamenta, e a política sendo desenvolvida para viabilizar logo os projetos-pilotos a fim de acelerar os investimentos regionais”, diz.
Pela Gasmig, foram mapeadas 40 cidades de Minas que possuem cobertura de rede de gasoduto atualmente. Segundo a companhia, isso representa 5% dos municípios mineiros que têm potencial para iniciar a tecnologia verde. “Podemos fazer desenvolvimentos regionais contando com que as indústrias locais interessadas possam destinar os seus resíduos. Essa parceria ganhará mais sentido e aderência por meio de uma ferramenta que estamos construindo e que nela terá um mapa de calor identificando as localizações para acelerar o desenvolvimento”, conta Tânia Santos.
Até novembro, a Fiemg espera que a etapa de estudos e de instrumentalização com a ferramenta seja concluída.
Este tipo de tecnologia verde a partir de biogás e biometano, segundo Tânia Santos, é uma aposta que já tem despertado o interesse de várias empresas para a instalação de plantas verdes, como é o caso da fabricante de cervejas Heineken. Recentemente a cervejaria anunciou a instalação de unidade produtiva em Passos no Sul de Minas. Em linha aos compromissos ambientais da marca traçados até 2040, a unidade será uma das referências em práticas ESG no País.
Procurada para comentar a possibilidade de instalação de uma planta verde no Estado, a empresa informou em nota que está avaliando as inovações com foco em energia 100% renovável com o objetivo de reduzir os impactos ambientais gerados.
Fonte: Diário do Comércio
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