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"Países árabes, que enxergam longe, sabem que o petróleo não será a energia do futuro", diz presidente da Unica

Para Marcos Jank, é hora de Brasil e comunidade árabe estreitarem relações, particularmente no tocante à produção de etanol a partir da cana-de-açúcar


Publicado em: 05/03/2012 às 09:30hs

"Países árabes, que enxergam longe, sabem que o petróleo não será a energia do futuro", diz presidente da Unica

O mundo árabe tem hoje a consciência de que o petróleo não representa o futuro energético do planeta, e que é chegada a hora de estreitar relações bilaterais do Brasil com estes países, particularmente no tocante à produção sustentável de etanol a partir da cana-de-açúcar.  Este foi o recado do presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Marcos Jank, a membros da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB) na noite de quinta-feira (01/03), na sede da entidade em São Paulo (SP).

“Os países árabes estão vendo que o petróleo não será a energia do futuro. Vejo-os observando com muito interesse esse debate climático internacional,” disse Jank ao lembrar que há uma tendência clara de legislações locais, no Oriente Médio, para a produção de energia de baixo carbono em detrimento dos combustíveis de origem fóssil. Neste sentido, políticas de mistura de etanol à gasolina seriam bem-vindas, explicou o executivo.

Observado que as condições climáticas no Oriente Médio são desfavoráveis à cultura da cana-de-açúcar, Jank vê nessa situação um incentivo para cooperação tecnológica. “Temos que aumentar o intercâmbio de ideias, mostrar que todo o know-how conquistado pelo Brasil na produção sustentável de etanol pode e deve ser partilhado. A produção de petróleo e etanol pode ser complementar, e não excludente,” afirmou.

Em 2011, as exportações brasileiras de etanol para o Oriente Médio sequer figuraram entre os dez primeiros destinos. 97% do que foi exportado teve como destino Estados Unidos, Caribe, Coreia do Sul, Japão, União Europeia, Suíça, Nigéria, Índia, Porto Rico e Argentina.  “Esta é uma situação que precisa mudar,” disse Jank.

O presidente da Unica lembrou que a exportação brasileira de etanol nos próximos dois anos será, de fato, modesta, mas que o mercado mundial do etanol é promissor. “As exportações vão crescendo lentamente, na medida em que os países forem adotando suas misturas. Isso, desde que haja reservas estratégicas, pois não interessa sair da dependência do petróleo árabe para depender de outros países,” afirmou.

Segundo Jank, outros países produzirão etanol. “O mercado internacional vai acabar acontecendo, como consequência da criação de mercados internos em diversos países,” disse, sinalizando que o mundo não deve ficar dependente do etanol brasileiro. “Não há porque só o Brasil ser o país do etanol,” ressaltando o potencial que detém a África como produtora do biocombustível. Atualmente mais de 30 países já misturam etanol à gasolina.

Fonte: UNICA - União da Indústria de Cana-de-açúcar

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