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Maurílio Biagi Filho grava depoimento para projeto de resgate da memória do Proálcool

Resgatar a memória do Proálcool por meio dos relatos de quem viveu essa história desde o início. Esse foi o principal objetivo do seminário "O Renascimento do bioetanol brasileiro: os fundadores do Proálcool", realizado no último dia 4 de junho no anfiteatro do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE) da USP, em São Paulo


Publicado em: 14/06/2012 às 07:35hs

Maurílio Biagi Filho grava depoimento para projeto de resgate da memória do Proálcool

O evento reuniu personalidades que atuaram em diferentes lados do processo que levou o Brasil a desenvolver o motor movido à etanol de cana-de-açúcar. O ex-ministro da Indústria e Comércio (1966-1967) e ex-governador do Estado de São Paulo (1975-1979), Paulo Egydio Martins, e o ex-secretário de Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo (1975-1976), Jorge Wilheim, falaram sobre aspectos políticos que contribuiram para a a adoção do álcool combustível e sobre o estímulo à produção de veículos com a mesma tecnologia. Georg Pischinger, desenvolvedor do motor à álcool na Volkswagen do Brasil, e Francisco Nigro, membro da equipe do IPT/SP (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) que participou do desenvolvimento da motorização à álcool, abordaram experiências relativas ao Proálcool sob um ponto de vista mais técnico, de engenharia.

O empresário Maurílio Biagi Filho falou pelo lado dos produtores de etanol. Ele contou como foi o início da adesão dos usineiros, até então focados na produção de açúcar, ao etanol. “Naquela época, em plena década de 70, as usinas da nossa família foram pioneiras na transformação da sua frota em motor à álcool. Defendíamos que todas as usinas fizessem o mesmo”, disse.

Um dos relatos de Maurílio Biagi Filho, que mais chamou a atenção, foi sobre a crise de desabastecimento de álcool em 1989, período em que, segundo Biagi, havia grande quantidade de álcool estocada, ao contrário do que alegaram as autoridades da época. “Faltava álcool nos postos mas, somente as usinas da região de Ribeirão Preto, tínhamos cerca de 300 milhões de litros estocados. Era o governo quem controlava a distribuição de álcool e um dia descobrimos que estavam sendo autorizadas somente retiradas de pequenas quantidades do combustível nas usinas. Viemos à público e denunciamos a situação. Algumas reportagens da época comprovam nossa tentativa de mostrar a verdade. Fiquei indignado porque, da maneira como os fatos ocorreram, a impressão que ficou é a de que a responsabilidade pela falta de álcool era dos usineiros e não dos verdadeiros responsáveis pelo desabastecimento”, contou.

Maurílio Biagi Filho, ao lado do pai, foi um dos pioneiros do Proálcool, programa que foi criado em 1975 e que incentivou a produção de etanol à base de cana-de-açúcar (na época chamado apenas de “álcool”), como alternativa à gasolina e à dependência do petróleo. O Proálcool é reconhecido mundialmente como o programa de maior sucesso na inserção de fontes renováveis na matriz de combustíveis.

Os relatos feitos durante o seminário foram gravados e posteriormente serão disponibilizados para consulta e pesquisa. Alguns dos palestrantes contribuíram ainda mais doando cópias de documentos para o acervo do projeto. Biagi foi um deles.

Fonte: Núcleo da Notícia Comunicação Corporativa

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