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Boeing, Embraer e Fapesp alçam novo voo rumo ao biocombustível para a aviação

Juntas, parceiras desenvolveram um estudo sobre o setor e os desafios para construir uma cadeia produtiva sustentável no Brasil


Publicado em: 27/06/2013 às 16:30hs

Boeing, Embraer e Fapesp alçam novo voo rumo ao biocombustível para a aviação

Desde que foi firmada, em agosto de 2011, a parceria entre as fabricantes de aviões Boeing e Embraer, e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S. Paulo (Fapesp) já realizou alguns avanços rumo à meta de desenvolver uma indústria de biocombustíveis para a aviação no Brasil. Com um relatório estratégico batizado de “plano de voo” em mãos, pesquisadores, especialistas e órgãos de governo agora estudam os caminhos para que o plano decole. “Com este estudo, foi possível identificar as lacunas, os desafios e as necessidades para viabilizar essa cadeia produtiva”, explica Antonini Puppin-Macedo, diretor de Colaborações em Pesquisa e Tecnologia da Boeing no Brasil.

Segundo o executivo, durante os dois últimos anos uma série de workshops foi realizada em várias regiões do País a fim de “construir um direcionamento para os trabalhos”. O processo incluiu verificar quais as lacunas no setor de pesquisa e tecnologia para construir uma indústria de biomassa no País e também para os diferentes processos para a geração de biocombustível. “O Brasil tem duas histórias de sucesso, com o etanol e o biodiesel. Além disso, tem a oportunidade de ser líder no desenvolvimento de biocombustíveis para a aviação. Com vontade e estratégia, o País pode ser peça-chave para o desenvolvimento desse produto”.

Neste último quesito, Puppin-Macedo explica que uma das vantagens do Brasil está no fato de haver uma oportuna variedade de produtos que podem ser testados para a fabricação de biocombústiveis. Não só a cana-de-açúcar, mas também o pinhão manso e a biomassa de eucalipto. “São várias matérias-primas promissoras. O que se acredita é que não vai haver um produto exclusivo, mas sim a utilização de vários, a construção de um mosaico nacional”, revela o executivo.

A primeira etapa do projeto, concluída no início deste ano, verificou os seis principais desafios para a construção de uma cadeia do biocombustível brasileiro: desenvolver um combustível que não exija a modificação dos motores e nem impacte em seu desempenho; assegurar a sustentabilidade em todo o processo; identificar as biomassas mais promissoras;  desenvolver tecnologias de refino com a instalação de plantas piloto; investimento em logística e certificação ao longo de todo o processo; e, por fim, o desenvolvimento de políticas públicas sustentáveis, o que inclui investimentos em centros de pesquisa, qualificação de profissionais. “O tempo estimado que esse processo vai levar nós ainda não sabemos. Por ora, temos feito muitos encontros, debates e reuniões para darmos os próximos passos”, explica o executivo.

Outro desafio do setor está em tornar os biocombustíveis viáveis do ponto de vista econômico. Segundo Puppin-Macedo, a meta é que seja possível ter combustíveis sustentáveis que sejam competitivos com o convencional. “Esse talvez seja o maior desafio, porque além do benefício ambiental, a parcela do custo de uma companhia aérea relacionada ao combustível é de 40%”.

Voo teste

Não é de hoje que empresas parceiras vêm estudando a viabilidade do desenvolvimento de biocombustíveis para a aviação. No ano passado, durante a Rio+20, a Gol, principal cliente da Boeing no Brasil, realizou um voo teste entre São Paulo e Rio de Janeiro com uma mistura de 50% de bioquerosene ao combstível de origem fóssil. A companhia aérea participa de várias iniciativas de pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis e também é parceria do projeto desenvolvido pela Boeing, Embraer e Fapesp, atuando como consultora técnica.

Até 2020, a aviação mundial tem o desafio de neutralizar suas emissões de carbono, em relação ao que o setor emitia em 2005 e que equivalia a 2% do total emitido no mundo. Até 2050,  o setor aéreo almeja reduzir em 50% suas emissões e para isso, o desenvolvimento de pesquisas como a dos biocombustíveis são fundamentais. “Ainda é cedo para prever como as coisas serão até lá, se todos utilizarão. Mas o fato é que os biocombustíveis são de fundamental importância para que o setor alcance essas metas de sustentabilidade”, conclui Puppin-Macedo.

Fonte: Sou Agro

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