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Bioeletricidade é o terceiro produto das Usinas em MS

O setor sucroenergético em Mato Grosso do Sul fechou 2011 com a exportação do excedente de energia cogerado de 1.100 Giga Watts hora (GWh) e a eletricidade começou a se consolidar como o terceiro produto das usinas, conforme a avaliação da Biosul


Publicado em: 22/02/2012 às 14:50hs

Bioeletricidade é o terceiro produto das Usinas em MS

O setor sucroenergético em Mato Grosso do Sul fechou 2011 com a exportação do excedente de energia cogerado de 1.100 Giga Watts hora (GWh) e a eletricidade começou a se consolidar como o terceiro produto das usinas, conforme a avaliação da Biosul – Associação do Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul -, ao lado da produção de açúcar e etanol. Esse número seria quase o dobro do consumo de todo o setor industrial do Estado em 2010, que foi de 638 GWh.

A comercialização desse excedente de eletricidade a partir do bagaço da cana é recente no Estado. De fato, antes da modernização das empresas e da vinda de novas indústrias com equipamentos específicos para reutilização do produto, o volume gerado pela cana era um problema. Mesmo produzindo vapor e eletricidade para a própria usina, as montanhas de bagaço se acumulavam no pátio. “Se não fosse transformado em eletricidade, a área ocupada pelo bagaço produzido em MS daria para cobrir duas vezes a estrada que vai de Campo Grande a Dourados, com dez metros de altura”, comparou Roberto Hollanda Filho, presidente da Biosul. Geralmente, o total de bagaço produzido é 25% do total de cana moída. Em Mato Grosso do Sul, na última safra, essa produção chegou a 8,4 milhões de toneladas.

A preocupação com a diversificação da matriz energética veio após o risco do “apagão brasileiro”, entre 2001 e 2002, quando 90% da energia no País era gerada pelas hidrelétricas. A crise fez com que o governo começasse a se preocupar em diversificar as fontes. “Em 2008, as indústrias do setor ainda acumulavam o bagaço e o destino era para os produtores que estavam sem pasto, insuficiente para consumir o volume descartado”, explicou o presidente da Biosul. A tecnologia para produzir eletricidade já existia, mas o investimento era e é pesado – a estimativa é que seja necessário um terço do custo de uma usina.

“Com o advento de novas plantas e a readequação de algumas antigas indústrias com a aquisição de novos equipamentos e o investimento tanto da iniciativa privada quanto do governo para a construção de linhas de transmissão, a eletricidade a partir da biomassa passou a ser realidade em Mato Grosso do Sul”, analisou Hollanda. Se o montante de bagaço hoje não fosse utilizado para a cogeração de eletricidade, seria possível preencher com 67 metros de altura toda a Avenida Afonso Pena (7,8 km x 50 m), incluindo o canteiro.

Em 2011, a eletricidade exportada a partir da cana foi de 1.100 GWh, quase o dobro da produzida no ano anterior - 660 GWh. Conforme o dados apresentados pela Biosul, oito usinas, que utilizam a cana-de-açúcar como matéria-prima em Mato Grosso do Sul, cogeram energia elétrica suficiente para atender a necessidade de mais da metade das residências instaladas no Estado. Os dados da Secretaria de Meio Ambiente, Planejamento e Tecnologia (Semac) mostram que as residências de Mato Grosso do Sul consumiram em 2010, um total de 1.260 GWh.

Apesar dos números serem considerados positivos, a eletricidade a partir da biomassa ainda tem alguns entraves e adequações para ficar mais competitiva. Atualmente existem duas maneiras de se comercializar esse produto, uma delas é de venda direta aos grandes consumidores e outra é por meio dos leilões. Nos leilões, esse produto das usinas concorre com outras energias renováveis. “Se analisarmos que a energia eólica só é produzida em algumas regiões do Nordeste brasileiro, existe um custo logístico para que ela chegue até o Centro-Sul, por exemplo. “Devem ser incentivados diferentes tipos de fontes renováveis e consideradas as externalidades de cada opção”, explicou Hollanda.

Esse benefício social apontado pelo presidente refere-se principalmente a geração de novos postos de trabalho, interiorização do desenvolvimento e a sustentabilidade ambiental que a eletricidade por meio da biomassa cria. Hollanda defende que os leilões sejam feitos ou por fonte de energia ou sejam regionalizados. “A questão é diversificar a produção para que o País, que está em crescimento econômico, não perca essa disputa por conta de qualquer risco. A biomassa, além de barata, é limpa, o que dá vantagens ao País”, acrescentou o presidente.

Sobre a Biosul - A Associação dos Produtores de Bioenergia de Mato Grosso do Sul, que surgiu em dezembro de 2008, reflete o aumento de importância do Estado no cenário nacional da cana-de-açúcar e seus derivados. Resultado da junção de três sindicatos – Sindal-MS (Sindicato das Indústrias de Fabricantes de Álcool de Mato Grosso do Sul), Sindaçúcar-MS (Sindicato das Indústrias dos Fabricantes de Açúcar de Mato Grosso do Sul) e Sinergia-MS (Sindicato das Indústrias de Geração de Energia Elétrica de Pequeno e Médio Porte de Mato Grosso do Sul) - tem como características a gestão profissional e associativista e sua criação coincidiu com o momento de expansão do setor. Toda a produção de cana moída do MS está ligada a Biosul, que conta com 25 associadas – 22 unidades de operação, duas em fase de implantação e um projeto. Para mais informações, acesse www.biosulms.com.br.

Fonte: Assessoria BIOSul

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