Publicado em: 01/11/2024 às 11:05hs
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) propõe um cronograma escalonado para a elevação do teor máximo de etanol anidro na gasolina tipo C, defendendo a adoção inicial de uma mistura de 30%, seguida pela autorização para 35%. Durante um workshop promovido pelo Ministério de Minas e Energia, Luciano Rodrigues, diretor de Inteligência Setorial da Unica, destacou a importância de realizar estudos de viabilidade técnica de forma cautelosa. "Não queremos que nosso produto cause danos ao consumidor, por isso, é fundamental que a implementação do E30 seja feita de forma rápida, já que testes anteriores validaram essa mistura. Propomos um cronograma reduzido para a adoção do E30 e um cronograma otimizado para o E35, que assegure uma avaliação precisa", afirmou.
Segundo Rodrigues, os testes realizados em 2014 pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) confirmaram a viabilidade da mistura de 30%, sendo necessários testes adicionais para incluir uma margem de tolerância e avaliar a dispersão da mistura. "Iniciando com 30%, poderemos gerar impactos ambientais positivos na descarbonização da matriz energética em um curto espaço de tempo, antes de avançar para 35% e garantir a segurança necessária aos consumidores," observou.
A Lei do Combustível do Futuro, sancionada recentemente pelo governo, permite o aumento do teor máximo de etanol anidro na gasolina tipo C de 27% para 35% (E35) e do percentual mínimo de 22% para 27%. A implementação do aumento do teor de etanol na gasolina, conforme estipulado pela lei 14.993/2024, está condicionada à regulamentação técnica da mistura, à avaliação de viabilidade técnica e à definição do teor pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE).
O setor produtivo acredita que a adoção do E30 pode ocorrer já na safra de cana-de-açúcar de 2025/26, que se inicia em abril de 2025, dependendo da realização de testes técnicos de desempenho complementares em colaboração com a indústria automotiva e outros consumidores. Rodrigues ressaltou que há capacidade imediata de atender tanto à demanda por E30 quanto por E35. Atualmente, o consumo nacional de gasolina tipo C é de aproximadamente 45 bilhões de litros, com 12 bilhões de litros de etanol anidro e 33 bilhões de litros de gasolina tipo A. A implementação do E30 aumentaria a demanda por etanol anidro em 1,4 bilhão de litros, com um adicional de 2,3 bilhões de litros para o E35. "A simples expansão da produção de etanol de milho entre os dois últimos anos já compensa esse aumento," destacou.
A capacidade instalada das usinas de etanol é de 150 mil litros por dia, abrangendo a produção de etanol de cana-de-açúcar, etanol de milho e usinas flex. "Operando a 80% dessa capacidade, poderíamos atingir o volume necessário para o E35 em menos de seis meses de safra, o que é mais do que suficiente para atender o incremento na mistura. Atualmente, não há restrições para a produção de etanol anidro, que está em crescimento com 60 projetos em andamento. Apenas esses projetos em expansão resultam em um aumento anual de 20% na capacidade, além da expansão descentralizada," acrescentou Rodrigues.
De acordo com dados da Unica, a adoção do E30 evitaria a emissão de 3,1 milhões de toneladas de CO2 equivalente por ano a partir da gasolina C, enquanto o E35 poderia evitar a emissão de 8,4 milhões de toneladas anuais. "O impacto é considerável, com um custo relativamente baixo, especialmente com a perspectiva de uma alíquota única de etanol resultante da reforma tributária. Historicamente, há potencial para redução de preços com um maior uso de etanol na gasolina," concluiu Rodrigues. Com a implementação do E30, o Brasil deixaria de importar US$ 730 milhões em gasolina anualmente, e essa economia saltaria para US$ 1,95 bilhão com a adoção do E35, conforme as informações da Unica.
Fonte: Portal do Agronegócio
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