Publicado em: 23/04/2025 às 11:25hs
Expansão do etanol altera destino do milho no Brasil
O crescimento acelerado da produção de etanol à base de milho está mudando significativamente o destino do cereal no Brasil. De acordo com análise dos pesquisadores Joana Colussi, Gary Schnitkey e Nick Paulson, da Universidade de Illinois, o milho brasileiro — historicamente voltado à exportação — vem sendo cada vez mais absorvido pelo consumo interno, impulsionado principalmente pelos setores de proteína animal e de biocombustíveis.
Entre as safras 2015/16 e a atual, o volume de milho processado para a produção de etanol no país saltou de 406,4 mil toneladas para 18,3 milhões de toneladas. Esse volume já representa cerca de 15% da produção nacional do cereal. Esse crescimento expressivo reflete uma mudança estrutural no uso do milho, com destaque para o segmento de energia renovável.
Nos últimos dez anos, o consumo interno total de milho no Brasil cresceu 53%, atingindo 87,88 milhões de toneladas na safra 2024/25. A maior parte desse volume, cerca de 64,5 milhões de toneladas, é destinada à pecuária, com destaque para a avicultura — setor no qual o Brasil lidera as exportações globais. O uso industrial, alimentício e para sementes, que inclui a produção de etanol, representa outros 23,5 milhões de toneladas.
Atualmente, o Brasil conta com 25 usinas de etanol de milho em operação e outras 15 em construção, a maioria localizada na região Centro-Oeste, especialmente no estado de Mato Grosso. Desde 2015/16, a produção brasileira de etanol de milho saltou de 140 milhões para 8,2 bilhões de litros, com expectativa de alcançar 10 bilhões de litros até a safra 2025/26. Esse volume deve corresponder a aproximadamente um terço da produção total de etanol no país.
O avanço da chamada segunda safra, a safrinha, tem sido decisivo para a oferta de milho destinado ao etanol. Atualmente, essa safra representa cerca de 80% da produção total de milho no Brasil, o que favorece a continuidade da expansão do setor de biocombustíveis.
Com a demanda aquecida, os preços internos do milho também apresentaram reação. Em março, a cotação em Paranaguá (PR) superou R$ 37 por bushel, o maior valor registrado em três anos. A tendência é de continuidade nessa valorização, impulsionada pela entrada em operação de novas usinas, por políticas públicas de incentivo ao uso de etanol e pelo posicionamento estratégico do Brasil como líder global em biocombustíveis sustentáveis.
Fonte: Portal do Agronegócio
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