Publicado em: 18/03/2025 às 09:30hs
Nos últimos anos, o Brasil tem testemunhado uma transformação significativa em sua matriz de mobilidade, com destaque para a migração do transporte coletivo para o individual. Essa mudança, aliada ao crescente interesse por soluções sustentáveis, posiciona o etanol hidratado como uma alternativa viável e de baixo custo para a descarbonização dos transportes.
De acordo com estudo da Copersucar, o consumo de combustíveis derivados do Ciclo Otto (motores de combustão interna que utilizam gasolina e etanol) no Brasil deve ultrapassar 70 bilhões de litros anuais na próxima década. O etanol, que já desempenha papel essencial na matriz energética do País, tem grande potencial para aumentar sua participação nesse consumo.
Nos últimos sete anos, houve uma redução de 49% para 34% na participação do transporte coletivo, especialmente ônibus e trens metropolitanos, com a população migrando cada vez mais para veículos próprios e por aplicativos. O uso de veículos particulares cresceu de 22% para 30%, enquanto os carros por aplicativos, que representavam uma fatia quase inexistente em 2017, hoje alcançam 11% do total. Esse fenômeno reflete também no aumento do consumo de combustíveis, com destaque para o crescimento de 15% no uso do Ciclo Otto pelo transporte por aplicativos e entregas.
Atualmente, mais de 83% dos veículos da frota brasileira, que totaliza mais de 42 milhões, são flex, ou seja, podem ser abastecidos com etanol ou gasolina. No entanto, mais de 70% desses veículos ainda são abastecidos com gasolina, embora a Copersucar acredite que essa realidade está prestes a mudar. O crescimento do consumo de etanol será impulsionado por políticas públicas voltadas à eficiência energética e à descarbonização, além de campanhas de conscientização dos consumidores sobre os benefícios ambientais e econômicos do biocombustível.
Desde a introdução do carro flex, em 2003, o Brasil conseguiu evitar a emissão de aproximadamente 280 milhões de toneladas de CO₂eq, o que contribuiu consideravelmente para a melhoria da qualidade do ar, segundo Tomas Manzano, presidente da Copersucar.
O estudo também revela que a renovação da frota brasileira está mais lenta do que o esperado. Atualmente, veículos com mais de 11 anos representam mais de 50% da frota, o que reflete uma oportunidade para a substituição da gasolina por etanol, gerando uma significativa redução de emissões.
Mesmo com o crescimento dos veículos eletrificados, que devem representar até 50% das vendas de carros novos até 2035, a frota flex continuará predominante, representando cerca de 75% de todos os veículos em circulação. A Copersucar prevê que um aumento de 10% no uso do etanol sobre a gasolina pode evitar a emissão de 6 milhões de toneladas de CO₂eq e gerar uma demanda adicional de 5 bilhões de litros de etanol.
Além dos benefícios ambientais, o consumo crescente de etanol também traz vantagens econômicas para o Brasil. Caso o etanol não estivesse presente na matriz energética, o País teria importado cerca de 430 bilhões de litros de gasolina, o que representaria uma despesa de mais de 300 bilhões de dólares, equivalente às atuais reservas internacionais do País.
A Copersucar destaca que o Brasil está em um momento estratégico para acelerar sua transição energética, consolidando-se como líder mundial nesse processo. O etanol, com suas cinco décadas de experiência e infraestrutura de produção e distribuição, está pronto para desempenhar papel ainda mais relevante na descarbonização dos transportes.
Fonte: Estudo da equipe de Inteligência de Mercado da Copersucar com dados de mobilidade dos últimos anos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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