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Mandioca açucarada para produção de álcool é tema de pesquisa na Amazônia

Variedades de mandioca com alto teor de açúcar, inadequadas para produção de farinha, mas úteis na produção de álcool combustível (etanol), são alvo de interesse de um projeto de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)


Publicado em: 11/04/2012 às 19:30hs

Mandioca açucarada para produção de álcool é tema de pesquisa na Amazônia

Os resultados do primeiro ano do projeto sobre a “mandioca açucarada” conhecida também como “mandiocaba”, e as ações programadas para os anos seguintes estão sendo discutidas por pesquisadores em reunião no dia 11 de abril na sede da Embrapa Amazônia Ocidental, em Manaus (AM) e no dia 12, em visita ao Campo Experimental Caldeirão, em Iranduba (AM), onde há plantios dessas variedades de mandioca.

O projeto “Rede de Melhoramento e Manejo Fitotécnico de Mandioca Açucarada para a Produção de Álcool Combustível na Região Norte da Amazônia” é liderado pelo pesquisador da Embrapa Roraima, Everton Diel Souza, e conta com a participação de pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental (AM) e Amazônia Oriental (PA), Embrapa Amapá (AP) e Embrapa Roraima (RR).

A pesquisa busca desenvolver e testar tecnologias com o propósito de identificar e adaptar genótipos de mandiocas açucaradas com potencial para serem cultivados em diferentes ecossistemas da região norte amazônica, a fim de maximizar as características produtivas e a qualidade do produto para fins industriais.

De acordo com o pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Miguel Dias, que participa do projeto, a mandioca açucarada possui bastante água, baixo ácido cianídrico, maior concentração de açúcar e menor quantidade de amido em relação à média das outras mandiocas. O pesquisador informa que a mandioca açucarada é rejeitada pela maioria dos agricultores na produção de farinha, mas é utilizada para mingau e um tipo de melaço.

Os pesquisadores do projeto consideram que a mandioca açucarada ou mandiocaba é nativa da Amazônia, sendo uma mutação genética natural de outras mandiocas. A planta foi encontrada apenas em alguns locais da região amazônica. A equipe do projeto informou que nas coletas foram encontradas cerca de 18 variedades de mandiocas açucaradas. Esse material foi coletado em localidades do Baixo-Amazonas (AM), Nordeste Paraense (PA) e Oiapoque (AP) e está sendo avaliado para cultivo e utilização como matéria prima para biocombustível.

A pesquisa trabalha com a possibilidade de uso da mandiocaba como alternativa para a produção de álcool na região norte, uma vez que a principal matéria-prima para a produção do álcool combustível (etanol) no Brasil tem sido a cana-de-açúcar, que por sua vez tem restrições para cultivo na Amazônia, por impedimento do zoneamento agroecológico. Segundo informações do projeto, a composição de açúcares da mandiocaba permite uma agilidade no processo de conversão em álcool, uma vez que na etapa da fermentação não é necessário o processo de hidrólise do amido por meio de enzimas, o que reduz o custo energético em 40%.

Antes de concluir sobre a viabilidade ou não da produção de etanol a partir da mandiocaba, o projeto de pesquisa vai desenvolver diversos estudos intermediários nas áreas de biotecnologia e agronomia com esta planta.

Para isso, durante os três anos do projeto, iniciado em 2011, a equipe de pesquisadores vai buscar alcançar alguns objetivos. Um deles é identificar os genes constituintes dessas plantas e sua variabilidade genética, utilizando marcadores microssatélites, que são ferramentas da biologia avançada. Outro objetivo é avaliar as características de síntese e acúmulo de açúcares e amidos dos acessos de mandioca açucarada.

Também será avaliado o efeito de práticas de manejo, como densidade de plantio e épocas de colheita, nas características produtivas e no produto final das variedades de mandiocas açucaradas nos estados do Amazonas, Amapá, Pará e Roraima. Serão ainda avaliados e selecionados materiais com maior produtividade e rendimento industrial. Por fim, será feita a validação de variedades de mandioca açucaradas em diferentes condições de clima, solo, altitude e complexo de pragas e doenças nos estados da região norte amazônica, de modo que se possa recomendar os melhores materiais e aumentar a produtividade e o rendimento industrial da cultura.

Fonte: Embrapa Amazônia Ocidental

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