Publicado em: 29/11/2024 às 09:00hs
O etanol, tradicionalmente utilizado como combustível em automóveis, pode se tornar uma solução para substituir o diesel em veículos pesados. Apesar de fracassos iniciais, avanços tecnológicos indicam um futuro promissor para o biocombustível no setor de transportes.
Na década de 1970, o Programa Pró-Álcool apresentou o etanol como combustível exclusivo para automóveis, mas o projeto encontrou dificuldades técnicas e econômicas. O advento da tecnologia flex, em 2003, trouxe mais eficiência ao etanol, mas as tentativas de substituir o diesel em caminhões na mesma época fracassaram devido ao alto consumo – mais de 1 litro por quilômetro rodado.
Hoje, novas pesquisas e tecnologias prometem reverter esse cenário. No Brasil, a substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis como etanol e biodiesel é facilitada pela abundância de recursos naturais, reafirmando o papel do país como líder global em energia renovável.
Durante a cúpula do G20, o Brasil apresentou o projeto “Combustível do Futuro”, que destaca a expansão dos biocombustíveis na matriz energética nacional. A proposta reforça o compromisso do país com a redução de emissões no setor de mobilidade, mas levanta preocupações entre consumidores e empresários.
Motoristas de veículos a gasolina, por exemplo, enfrentam custos mais altos devido à menor eficiência energética do etanol. Já os proprietários de caminhões e ônibus temem os impactos no desempenho e na manutenção dos motores diesel com o aumento do percentual de biodiesel. Mesmo assim, o governo avança com suas metas, gerando apreensão entre entidades como a Confederação Nacional dos Transportes (CNT), que representa 200 mil associados.
Novos projetos indicam o potencial do etanol para substituir total ou parcialmente o diesel em aplicações específicas. Um motor bi-fuel, que combina diesel e etanol, está sendo desenvolvido para uso em locomotivas, geradores e caminhões. Ele utiliza dois tanques e dois sistemas de injeção, permitindo que até 70% do combustível seja etanol, dependendo da carga e da rotação do motor.
Além disso, a fábrica de motores Cummins, no Brasil, apresentou na Fenatran um conceito de motor movido exclusivamente a etanol E80 (composto por 80% de etanol e 20% de gasolina). Este motor, projetado para o transporte rodoviário, oferece potência de 330 cv e torque de 895 Nm, com alta eficiência e baixa emissão de poluentes.
O transporte marítimo, responsável por cerca de 3% das emissões globais de gases de efeito estufa, também está de olho no potencial dos biocombustíveis. O metanol, por exemplo, vem ganhando espaço como alternativa viável, e sua tecnologia pode ser adaptada para incluir o etanol.
Com empresas como a Vale investindo na adaptação de motores para operar com biocombustíveis em caminhões e locomotivas, o Brasil reafirma sua liderança no desenvolvimento de soluções sustentáveis para o transporte. O etanol, que já desempenha papel fundamental na matriz energética nacional, pode se consolidar como uma alternativa viável ao diesel, impulsionando a transição para uma economia de baixo carbono.
Fonte: Portal do Agronegócio
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