Etanol

Etanol Mantém Competitividade Mesmo na Entressafra

Com preços estáveis e mudanças tributárias previstas, o etanol segue competitivo, embora a paridade com a gasolina ainda seja desfavorável


Publicado em: 26/03/2025 às 18:00hs

Etanol Mantém Competitividade Mesmo na Entressafra

Em seu mais recente relatório, a Consultoria Agro do Itaú BBA destacou a situação do mercado de etanol no Brasil, com foco nos preços e nas perspectivas de consumo da commodity. De acordo com os dados, o etanol hidratado apresentou uma estabilidade nos preços durante o mês de fevereiro, com uma leve alta de 0,3%, encerrando o mês a R$ 2,95 por litro em Paulínia (SP). Este comportamento reflete uma acomodação nos valores após os aumentos observados nos meses anteriores, em um período que coincide com a entressafra da cana-de-açúcar.

Apesar de ainda apresentar valores competitivos, o etanol continua a perder atratividade frente à gasolina, especialmente devido à sua paridade energética, que se manteve abaixo de 70% em fevereiro no estado de São Paulo. A média de preço do biocombustível, portanto, ainda não se mostra suficientemente favorável para atrair uma migração significativa dos consumidores da gasolina para o etanol.

Recorde nas Vendas de Etanol

Em relação às vendas de etanol, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) divulgou números que indicam um desempenho histórico para 2024. O volume total de etanol carburante comercializado alcançou 36,9 bilhões de litros, um aumento de 19% em relação ao ano anterior. Desse total, 13,4 bilhões de litros foram de etanol anidro, utilizado como aditivo na gasolina, enquanto 23,6 bilhões de litros corresponderam ao etanol hidratado, destinado ao consumo direto nos veículos flex.

Esse crescimento no volume de vendas é notável, especialmente quando comparado com os dados fornecidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), que indicam um total de 33,6 bilhões de litros, com 12 bilhões de litros de etanol anidro e 21,6 bilhões de litros de etanol hidratado. A diferença entre os números pode ser atribuída à metodologia de coleta de dados – o MAPA considera informações no nível do produtor, enquanto a ANP o faz no nível das distribuidoras. A informalidade no setor também pode contribuir para essas discrepâncias.

Mudança Tributária e Seus Efeitos no Setor

Uma importante mudança tributária se aproxima, com a reforma tributária que entrará em vigor em 1º de maio. A partir dessa data, a cobrança do PIS/COFINS será monofásica, ou seja, será cobrada apenas do produtor, eliminando a alíquota paga pelas distribuidoras. A nova estrutura tributária resultará em um imposto de R$ 0,1922 por litro tanto para o etanol anidro quanto para o hidratado. Para o etanol anidro, essa alíquota representa um aumento em relação aos R$ 0,1309 cobrados atualmente, enquanto para o etanol hidratado haverá uma redução, passando de R$ 0,2418 para R$ 0,1922 por litro.

Essas mudanças têm implicações diretas no mercado de combustíveis. Com a reforma, o preço da gasolina C deverá sofrer um aumento de 2 centavos, chegando a R$ 6,19 por litro, enquanto o preço do etanol na bomba de São Paulo deve diminuir em 5 centavos, para R$ 4,13 por litro. A alteração tributária tende a beneficiar o consumo do etanol, uma vez que o biocombustível se tornará mais competitivo frente à gasolina. Além disso, a mudança favorece a formalização do setor, ao reduzir a carga tributária sobre as distribuidoras.

Em resumo, o etanol continua competitivo no mercado, apesar da entressafra e da pressão da gasolina. As mudanças tributárias previstas devem reforçar essa competitividade e ajudar a consolidar o biocombustível como uma alternativa sustentável e economicamente viável para os consumidores.

Fonte: Portal do Agronegócio

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