Publicado em: 09/03/2012 às 15:20hs
foram os trabalhos apresentados pela Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP) na 10ª edição da Feicana FeiBio 2012, em Araçatuba, SP , de 6 a 8 de março.
Nilza Patrícia Ramos, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente responsável pela pesquisa em manejo sustentável explica quwe o interesse mundial no uso de fontes renováveis e limpas de energia tem incentivado o desenvolvimento e a pesquisa de tecnologias de segunda geração para a produção de etanol.
“Muitos especialistas dizem que o uso comercial e em escala destas tecnologias demoram ainda cerca de uma década, mas isto ainda é especulativo. Mas de antemão, é possível afirmar que será necessário grande volume de matéria-prima, sendo a palhada de cana-de-açúcar, uma alternativa potencial”, acredita Patrícia.
“Porém, continua, o que ainda não se sabe é o volume de palhada que pode ser retirado do campo sem prejuízos para a conservação do solo, da água e da biodiversidade do canavial. Neste contexto, o nosso trabalho busca, justamente, determinar a quantidade de palhada a ser mantida no campo para a garantia da sustentabilidade do sistema de produção da cana-de-açúcar, em diferentes regiões produtoras do Brasil”.
Esta proposta inova ao avaliar limites de volume de palhada que permitam conservar as diferentes funções ambientais do solo, como a manutenção da saúde de micro-organismos e plantas, o equilíbrio e disponibilidade de elementos químicos, a preservação da biodiversidade local, a filtragem e armazenamento de água superficial e subsuperficial, a biodegradação de moléculas, as trocas gasosas em áreas de cultivo de cana-de-açúcar, com vistas à manutenção e mesmo ao aumento de produtividade. A obtenção destes limites, para diferentes regiões brasileiras, permitirá o melhor ajuste de colhedoras de cana-de-açúcar e palhada, consequentemente, a exploração energética mais sustentável, sob o aspecto econômico e ecológico.
Já estão em andamento 2 experimentos no Sudeste, 1 no Centro Oeste e no Sul e 3 no Nordeste.
Como contribuição para o setor canavieiro, espera-se alcançar maior segurança a respeito do volume de palha a ser aproveitado na indústria sem comprometimento da área agrícola, o que se converte em aumento de rendimento com maior sustentabilidade. Além dos resultados técnicos, o respaldo científico oferecido pela equipe de pesquisa traz benefícios à imagem do setor perante a sociedade, uma vez que demonstra a preocupação com o desenvolvimento sustentável.
Zoneamento agroecológico
A proposta do zoneamento é fornecer subsídios técnicos para formulação de políticas públicas visando à expansão e produção sustentável de cana-de-açúcar no território brasileiro. Celso Manzatto, chefe geral da Embrapa Meio Ambiente, explica que no trabalho foram utilizadas técnicas de processamento digital para avaliação do potencial das terras destinadas à produção da cultura de cana-de-açúcar em regime de sequeiro, sem irrigação plena. Para isso, considerou-se como base várias características dos solos, expressos espacialmente em levantamentos de solos e em estudos sobre risco climático, relacionados aos requerimentos da cultura, como precipitação, temperatura, ocorrência de geadas e veranicos. Os principais indicadores considerados na elaboração do Zoneamento Agroecológico foram a vulnerabilidade das terras, o risco climático, o potencial de produção agrícola sustentável e a legislação ambiental vigente.
De acordo com Manzatto, as terras com declividade superior a 12% foram excluídas, observando-se a premissa da colheita mecânica e sem queima para as áreas de expansão, as áreas com cobertura vegetal nativa, os biomas Amazônia e Pantanal, as áreas de proteção ambiental, terras indígenas, remanescentes florestais, dunas, mangues, escarpas e afloramentos de rocha, reflorestamentos, áreas urbanas e de mineração. Outra área excluída nos Estados da Região Centro-Sul, foram as cultivadas com cana-de-açúcar no ano safra 2007/2008, com base no mapeamento realizado pelo Projeto CanaSat – INPE.
Fonte: Embrapa Meio Ambiente
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