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Avanço Sustentável: Etanol de Milho Ganha Destaque no Brasil e Mobiliza Setor

Produção do Biocombustível Torna-se Foco de Mobilização para Nova Entidade, Liderada por Kátia Abreu


Publicado em: 25/01/2024 às 19:20hs

Avanço Sustentável: Etanol de Milho Ganha Destaque no Brasil e Mobiliza Setor

A produção de etanol a partir do milho, tradicional nos Estados Unidos, tem experimentado um aumento significativo no Brasil nos últimos anos, em um cenário onde o biocombustível ainda é majoritariamente derivado da cana-de-açúcar. A crescente oferta de milho, especialmente no Centro-Oeste, aliada ao aumento da demanda global por energias renováveis, impulsiona esse setor no país.

O etanol de milho tornou-se o epicentro de uma mobilização visando a criação de uma nova entidade: o Instituto Brasileiro de Energias Renováveis e Segurança Alimentar. Essa iniciativa, liderada por produtores de grãos e entusiastas do tema, conta com a participação destacada da ex-ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu.

Atualmente, cerca de 15% do etanol produzido no Brasil tem o milho como matéria-prima, conforme dados da União Nacional da Bioenergia. Contudo, o crescimento na produção do grão indica que essa fatia pode ser ampliada. Inicialmente concentradas no Centro-Oeste devido à abundância de milho, as usinas que utilizam o grão como matéria-prima têm surgido também no Sul. A União Nacional do Etanol de Milho (Unem) projeta que a produção brasileira de etanol de milho atingirá 6 bilhões de litros na safra 2023/2024, representando um aumento de 36% em relação ao ciclo anterior e de 800% nos últimos cinco anos.

O Brasil é o terceiro maior produtor de milho no mundo, ficando atrás apenas da China e dos Estados Unidos. A produção saltou de 42,5 milhões de toneladas na safra 2005/2006 para 131,9 milhões de toneladas no ciclo 2022/2023, conforme dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Apesar de ser reconhecido como uma alternativa ao combustível fóssil, há preocupações entre alguns ambientalistas e organizações da sociedade civil sobre os potenciais impactos socioambientais caso as plantações se expandam para regiões como a Amazônia e o Cerrado para atender à demanda por biocombustível.

No entanto, Kátia Abreu acredita ser possível expandir a produção sem desmatamento, destacando a fertilização das áreas já existentes como uma solução viável. Ela argumenta que, dado o aumento na produção de milho nos últimos anos, não há motivo para temer conflitos de espaço entre biocombustíveis e cultivo de alimentos.

Especialistas do setor apontam que, no Brasil, a produção de etanol de milho difere de outros países ao utilizar o grão cultivado na chamada segunda safra, após a colheita da soja da safra de verão. Isso evita a competição com a produção de alimentos.

Kátia Abreu ressaltou a questão da segurança alimentar em uma apresentação recente durante o Brazil, China Meeting, em Shenzhen, na China. Além disso, ela enfatizou que o biocombustível de milho agrega valor ao gerar subprodutos, como o DDGS (grãos secos de destilaria com solúveis), utilizado como ração animal altamente proteica.

Atualmente concentrada em Goiás e Mato Grosso, a capacidade produtiva do etanol de milho está em expansão com a chegada de novas usinas e a ampliação das já existentes. Em novembro, a FS, uma das maiores do país, anunciou o aumento da capacidade em Primavera do Leste (MT), enquanto a gaúcha 3Tentos revelou um investimento de R$ 2 bilhões até 2030, sendo metade direcionada à sua estreia no mercado de etanol de milho.

Um dos objetivos do Instituto Brasileiro de Energias Renováveis e Segurança Alimentar será fortalecer a relação do setor com o governo. Kátia Abreu destaca que agregar valor à produção de milho por meio do biocombustível é um processo custoso, exigindo a participação do Estado.

Além disso, ela aponta a alta dependência do Brasil em relação à importação de fertilizantes da Rússia e da Ucrânia, envolvidas em conflito há quase dois anos, como uma questão crítica que demanda ação governamental. Kátia Abreu defende a criação de subsídios para a produção, considerando isso uma questão de segurança e interesse nacional.

Fonte: Grupo Idea

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