Etanol

A produção de etanol a partir dos grãos de arroz

Uma proposta com objetivos relevantes, mas que precisa ser bem analisada antes que se façam grandes investimentos, é a propalada produção de etanol a partir do arroz


Publicado em: 21/02/2013 às 10:30hs

A produção de etanol a partir dos grãos de arroz

Há mais de seis anos a possibilidade começou a ser analisada, no 1º Seminário sobre Agroenergia, em São Borja, e um projeto de viabilidade começou a ser estudado. Recentemente, outro, mais adiantado, foi apresentado ao governo do Estado por um grupo empresarial de Camaquã. Grandioso, o plano envolve a construção de seis biorrefinarias, com investimentos superiores aos R$ 700 milhões.

Os primeiros estudos foram mantidos em relativo sigilo porque havia o temor de uma reação pública à utilização de um alimento para a produção de combustível. Já se faz isso com o milho, mas este, mais do que um alimento humano significativo, já é usado para ração animal, o que, de certa forma, torna-o menos susceptível.

O uso do arroz para a produção de etanol, com a construção de grandes unidades industriais em regiões onde sobra mão de obra e faltam empregos - zona Sul, Campanha e Fronteira-Oeste - ajudaria a resolver vários problemas. Primeiro, o da oferta de um combustível alternativo, não só para veículos, mas, também, para atividades industriais, inclusive a produção de plástico verde, outra inovação, já desenvolvida entre nós.

Depois, o da lavoura orizícola, cuja produção é crescente, devido ao aumento da produtividade, o que se contrapõe a uma diminuição do consumo nacional no País e às dificuldades de exportação. Também no mundo, há excesso de oferta. Não que não exista fome no planeta, mas faltam condições econômico-financeiras que sustentem o fornecimento global de alimentos. A comercialização do arroz se tornou difícil, os estoques aumentam, e os preços para os produtores caem. Neste momento, os valores, entre R$ 35,00 e R$ 40,00 a saca de 50 quilos, são considerados bons, mas, recentemente, eram inferiores ao custo de produção. Um outro destino para o arroz que sobra é, então, ideal.  

Outro benefício é que as biorrefinarias levariam industrialização e emprego para municípios que estão, inclusive, vendo suas populações diminuírem, de acordo com o IBGE. São, principalmente, cidades da Campanha e da Fronteira-Oeste.

Até aí, tudo parece vantajoso. Mas é preciso analisar com muito cuidado os riscos. O mercado é imprevisível. Até que ponto o preço atual do arroz torna economicamente viável produzir etanol? E se a situação da comercialização mudar? É certo que os empreendedores estão atentos a tais possibilidades, inclusive com alternativas para substituir o arroz como matéria-prima, mas nunca é demais alertar, pois se trata de um projeto de muita importância para o Estado e o País.

São iniciativas inovadoras, como esta, que o Rio Grande do Sul precisa para retomar seu processo de desenvolvimento e para aproveitar as potencialidades de sua economia. Da lavoura de arroz, que, nesta safra, terá uma produção de quase 8 milhões de toneladas, dependem muitos municípios. Qualquer atitude ou atividade em seu benefício significa apoio a milhares de pessoas.

Fonte: Jornal do Comércio

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