O real ocupa a oitava posição entre as moedas que mais perderam valor em relação ao dólar em 2024, de acordo com um levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating, com base em dados do Banco Central do Brasil (BC). A moeda brasileira acumulou uma desvalorização de 19,1% até esta quinta-feira (28), quando o dólar comercial alcançou, pela primeira vez, a marca histórica de R$ 6.

A alta do dólar reflete, em parte, a reação negativa do mercado ao pacote de corte de gastos anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última quarta-feira. Também influenciou o mau humor dos investidores a proposta de aumentar a isenção do Imposto de Renda (IR) para contribuintes com renda mensal de até R$ 5 mil. Ambos os projetos ainda aguardam aprovação no Congresso Nacional.

Ranking global de desvalorização

Embora o real esteja atualmente na oitava posição, chegou a figurar em quinto lugar no ranking de desvalorização em junho deste ano. O levantamento abrange 118 países e utiliza a taxa de câmbio de referência Ptax, divulgada diariamente pelo BC. Nesta quinta-feira, a Ptax fixou o dólar em R$ 5,9865.

A moeda do Sudão do Sul lidera o ranking de perdas em 2024, com uma desvalorização de 69,8%, seguida pelas moedas da Etiópia (-56%) e da Nigéria (-47%). Outros países com quedas expressivas incluem Egito, Argentina e Venezuela, todos enfrentando desafios econômicos ou políticos significativos.

Moedas que se valorizaram

Na contramão, a moeda do Quênia foi a que mais se valorizou frente ao dólar no ano, registrando um avanço de 21,2%. Em seguida, aparecem as moedas do Sri Lanka (+11,4%) e da Libéria (+8,3%), mostrando que algumas economias conseguiram atrair investimentos ou estabilizar suas moedas em 2024.

O desempenho do real reflete um contexto interno de incertezas econômicas, combinadas com um ambiente global de fortalecimento do dólar. A expectativa para os próximos meses dependerá da aprovação das medidas fiscais e da recuperação da confiança no cenário doméstico.