Publicado em: 18/09/2024 às 10:55hs
As decisões de política monetária tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos ganham destaque esta semana, com atenção voltada para as possíveis movimentações nas taxas de juros em ambos os países. O cenário global atual, marcado por preocupações inflacionárias e busca por estabilidade econômica, torna o tema ainda mais relevante.
No Brasil, espera-se que o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncie uma elevação de 25 pontos-base na taxa Selic. Para Luiz Rogé, economista e sócio da Matriz Capital Asset, a combinação de um cenário fiscal desafiador e a inflação ainda elevada impulsionam essa alta. “Ainda temos uma desancoragem inflacionária considerável, e o quadro fiscal está comprometido, apesar da perspectiva de queda nos juros nos Estados Unidos e da desvalorização do dólar. Com isso, uma alta de 25 pontos-base parece inevitável", afirma.
Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, também prevê o aumento, ressaltando que o Banco Central deve adotar uma postura cautelosa. "A expectativa do mercado é quase unânime quanto ao aumento de 25 pontos-base, mas o Copom provavelmente indicará que o ajuste será gradual, monitorando os indicadores econômicos", explica Cohen, destacando a necessidade de manter as expectativas inflacionárias controladas e evitar impactos negativos no mercado financeiro.
Lucas Almeida, sócio da AVG Capital, compartilha da mesma opinião. Ele aponta que, apesar de sinais positivos no núcleo da inflação, o cenário ainda exige prudência. "A inflação segue acima da meta, o que justifica o aumento dos juros", diz. Almeida acrescenta que a recuperação do mercado de trabalho e o crescimento salarial contribuem para pressionar a inflação, o que reforça a necessidade de um controle rigoroso.
Diante desse cenário, os especialistas recomendam estratégias específicas para os investidores. Luiz Rogé sugere cautela ao optar por títulos prefixados, preferindo ativos indexados ao CDI e títulos atrelados ao IPCA para prazos médios e longos. "Recomendamos ativos atrelados ao CDI com duração máxima de um ano, e fundos de crédito privado de alta qualidade para períodos mais longos", aconselha.
Rodrigo Cohen, por sua vez, enxerga nos ativos atrelados ao IPCA uma boa opção, especialmente para quem busca proteger seu capital da inflação. "Ativos vinculados ao IPCA são uma excelente escolha para quem quer evitar perdas com o aumento dos preços", comenta. Ele também sugere fundos de investimento pela sua maior liquidez e menor risco comparado ao Tesouro Direto.
Já Lucas Almeida reforça a indicação de investimentos pós-fixados, como os indexados ao CDI, que tendem a se beneficiar com o aumento da Selic. "No curto e médio prazo, os pós-fixados são os mais indicados, garantindo rendimentos competitivos", afirma. Para o longo prazo, Almeida destaca o atrativo dos títulos IPCA+, que protegem contra a inflação e podem gerar valorização em um cenário de queda futura nos juros.
No campo dos investimentos em renda variável, Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, alerta que setores como o imobiliário e de varejo podem sofrer com o aumento das taxas de juros. "Com o crédito imobiliário mais caro, a demanda por imóveis tende a cair, afetando negativamente construtoras e incorporadoras", explica. Ele também destaca que o aumento do custo do crédito e a possível queda da confiança do consumidor podem impactar negativamente as vendas de bens duráveis e o setor varejista.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (FED) também está em um ciclo de ajuste. Rogé projeta que o FED iniciará um processo de redução gradual dos juros, com uma queda de 25 pontos-base inicialmente, podendo chegar a 50 pontos-base caso a economia apresente sinais de desaceleração. "Esperamos que os juros nos EUA caiam para algo em torno de 3% a 3,5% ao ano, com reduções baseadas nos dados econômicos", avalia Rogé.
Assim como o Banco Central brasileiro, o FED ajusta suas decisões de acordo com as condições econômicas, buscando evitar movimentos bruscos que possam desestabilizar os mercados. A semana promete definições cruciais para o futuro das políticas monetárias em duas das maiores economias do mundo.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias