Publicado em: 29/11/2024 às 10:50hs
O dólar iniciou esta sexta-feira (29), último dia de negociações de novembro, registrando alta e sendo cotado acima de R$ 6,00 nos primeiros minutos do pregão. Esse nível, inédito na história, já havia sido alcançado na véspera, impulsionado por anúncios econômicos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e pelo contexto fiscal desafiador do país.
Na última quarta-feira (27), Haddad revelou um pacote de medidas fiscais que prevê a redução de R$ 70 bilhões em gastos públicos entre 2025 e 2026, totalizando R$ 327 bilhões até 2030. O pacote inclui mudanças em diversas áreas, como o salário mínimo, aposentadorias de militares e emendas parlamentares.
Embora o volume de cortes tenha sido bem recebido pelo mercado, a proposta de isenção do Imposto de Renda para pessoas com rendimentos mensais de até R$ 5 mil gerou dúvidas. Segundo o ministro, a isenção representará um custo de R$ 35 bilhões ao governo, mas seria compensada por uma nova taxação sobre os mais ricos, com alíquotas que podem chegar a 10% para rendas acima de R$ 50 mil.
Analistas apontam que, apesar de a direção do pacote ser positiva, as dúvidas sobre a compensação do impacto fiscal pesaram contra a reação dos investidores. Segundo Bruno Funchal, presidente do Bradesco Asset, “há incertezas sobre a viabilidade e execução das medidas, o que traz riscos fiscais relevantes”.
Por volta das 09h53, o dólar era cotado a R$ 6,0561, alta de 1,12%. Na véspera, a moeda havia subido 1,30%, encerrando a R$ 5,9891, e atingindo a máxima de R$ 6,0029 ao longo do dia. Com isso, a moeda americana acumula valorização de 3,02% na semana, 3,59% no mês e impressionantes 23,42% no ano.
Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, enfrentou queda acentuada de 2,40% na quinta-feira (28), fechando aos 124.610 pontos, na maior retração diária desde janeiro. O índice acumula baixa de 3,50% na semana, 3,93% no mês e 7,14% no ano.
Além das questões fiscais, os investidores reagiram aos dados divulgados pelo IBGE na manhã de hoje, que indicaram uma queda histórica no desemprego. Segundo a PNAD Contínua, a taxa de desemprego recuou para 6,2% no trimestre encerrado em outubro, o menor nível já registrado.
Essa combinação de fatores — incertezas fiscais e indicadores econômicos — segue moldando o humor dos mercados, que aguardam novos desdobramentos e detalhamentos sobre como o governo pretende equilibrar suas contas públicas. A manutenção do compromisso com o arcabouço fiscal será crucial para restaurar a confiança dos investidores e estabilizar os ativos brasileiros.
Fonte: Portal do Agronegócio
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