Mercado Financeiro

Dólar inicia pregão em alta com mercado atento a dados econômicos e tarifas dos EUA

Investidores monitoram desemprego no Brasil, inflação norte-americana e novas tarifas anunciadas por Trump


Publicado em: 28/03/2025 às 10:28hs

Dólar inicia pregão em alta com mercado atento a dados econômicos e tarifas dos EUA

O dólar abriu em alta nesta sexta-feira (28), impulsionado pela atenção dos investidores a importantes indicadores econômicos divulgados no Brasil e nos Estados Unidos, além das recentes tarifas de importação anunciadas pelo ex-presidente norte-americano, Donald Trump.

No cenário interno, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou novos dados sobre o mercado de trabalho. A taxa de desemprego no Brasil subiu para 6,8% no trimestre encerrado em fevereiro, conforme apontado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua.

Nos Estados Unidos, os holofotes estão voltados para o índice de despesas com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês), que apresentou alta de 0,3% em fevereiro e um acumulado de 2,5% nos últimos 12 meses, dentro das projeções do mercado. No entanto, o núcleo do PCE — que exclui itens voláteis como energia e combustíveis — subiu 0,4%, acima da expectativa. Esse índice é um dos principais referenciais para o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, na formulação de sua política monetária.

A inflação nos EUA segue no radar dos investidores, pois sua aceleração pode postergar cortes nas taxas de juros pelo Fed, o que poderia impactar o consumo e o crescimento econômico global.

Tarifas de Trump e impactos no mercado

Outro fator que adiciona volatilidade aos mercados é a recente decisão de Trump de impor tarifas de 25% sobre automóveis importados a partir de 2 de abril. A expectativa é que, na mesma data, sejam anunciadas tarifas recíprocas que os Estados Unidos devem cobrar de outros países. A medida gera preocupação entre investidores e economistas, pois pode pressionar a inflação norte-americana, encarecendo bens e reduzindo o consumo.

O receio de um desaquecimento da economia dos EUA refletiu nos mercados globais. As bolsas europeias encerraram o dia anterior em seus patamares mais baixos das últimas duas semanas, puxadas pelo setor automotivo. Nos Estados Unidos, os principais índices de ações também registraram queda.

Desempenho do dólar e do Ibovespa

Por volta das 09h55, o dólar operava em alta de 0,14%, cotado a R$ 5,7604. No dia anterior, a moeda norte-americana valorizou-se 0,34%, fechando a R$ 5,7521. Com isso, o dólar acumulou avanço de 0,61% na semana, recuo de 2,77% no mês e perda de 6,92% no ano.

Já o Ibovespa, principal índice acionário da Bolsa de Valores brasileira, começa a operar às 10h. Na sessão anterior, registrou alta de 0,47%, alcançando 133.149 pontos. O indicador acumula ganho de 0,61% na semana, 8,43% no mês e 10,70% no ano.

Cenário econômico e expectativas

Os dados do mercado de trabalho brasileiro vieram dentro das previsões dos analistas. A taxa de desemprego, que subiu para 6,8% no trimestre de dezembro a fevereiro, representou um aumento de 0,7 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, mas ainda é 1 ponto percentual inferior ao mesmo período do ano passado. Apesar disso, o IBGE destacou que o rendimento médio dos trabalhadores atingiu um recorde histórico de R$ 3.378, e o número de trabalhadores com carteira assinada chegou a 39,6 milhões.

Nos Estados Unidos, o PCE mostrou uma inflação um pouco acima das projeções do mercado. O núcleo do índice avançou 0,4% em fevereiro, superando a expectativa de 0,3%. Em 12 meses, registrou alta de 2,8%, ligeiramente acima da projeção de 2,7%. A meta de inflação do Fed é de 2% ao ano, o que reforça a preocupação com possíveis ajustes na política monetária.

Além dos indicadores econômicos, os mercados seguem acompanhando os desdobramentos das tarifas comerciais impostas pelos EUA. Em meio às incertezas, investidores têm optado por ativos considerados mais seguros, como o dólar, o que justifica sua recente valorização.

Diante das pressões inflacionárias e das medidas protecionistas anunciadas por Trump, analistas monitoram o impacto sobre o consumo global e o crescimento econômico. A incerteza também afetou a confiança dos consumidores norte-americanos, que caiu pelo quarto mês consecutivo, conforme relatório do Conference Board divulgado na última terça-feira. Esse pessimismo pode, em breve, refletir em uma desaceleração do consumo e dos investimentos, aumentando os temores de uma recessão nos Estados Unidos.

Com informações da agência de notícias Reuters

Fonte: Portal do Agronegócio

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