Publicado em: 08/04/2025 às 10:10hs
O dólar abriu esta terça-feira (8) em baixa, refletindo a expectativa do mercado global de que os Estados Unidos possam avançar em negociações com outras nações para conter uma possível guerra tarifária. Por volta das 9h30, a moeda norte-americana era negociada a R$ 5,88, em queda frente ao fechamento anterior.
Na véspera, o dólar havia subido 1,29%, encerrando o dia cotado a R$ 5,9106. Com isso, acumula alta de 1,29% na semana, avanço de 3,59% no mês e recuo de 4,35% no ano.
No mercado acionário, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, registrou queda de 1,31% na segunda-feira, encerrando aos 125.588 pontos. O índice acumula retração de 1,31% na semana, perda de 3,59% no mês e valorização de 4,41% no ano.
O ambiente financeiro global segue atento às declarações do presidente norte-americano Donald Trump, que, na segunda-feira, afirmou que poderá impor tarifas adicionais de 50% sobre produtos importados da China. A medida se somaria aos 34% já anunciados anteriormente, caso Pequim insista em retaliar os Estados Unidos.
Na última sexta-feira (4), a China respondeu com a imposição de tarifas também de 34% sobre produtos norte-americanos. O governo chinês declarou que não recuará diante das ameaças e está pronto para continuar respondendo aos aumentos tarifários, ainda que reconheça que “em uma guerra comercial, não há vencedores”.
Apesar da retórica agressiva, Trump sinalizou disposição para o diálogo. O presidente norte-americano afirmou que está aberto a negociações com os países afetados pelas medidas, com o objetivo de alcançar “acordos justos”.
A União Europeia também voltou a se manifestar. Um porta-voz do bloco declarou nesta terça-feira que a UE deseja evitar tarifas recíprocas e um eventual conflito comercial com os EUA. A declaração veio após a Casa Branca rejeitar a proposta europeia de adotar uma política tarifária de "zero por zero" para bens industriais.
Segundo Peter Navarro, conselheiro econômico do governo norte-americano, os EUA só aceitarão um acordo se a UE também reduzir suas barreiras não tarifárias, como exigências sanitárias e regulatórias. Ainda assim, o bloco europeu reiterou sua intenção de manter o diálogo e encontrar soluções consensuais.
Enquanto isso, a relação com a China permanece tensa. Trump voltou a ameaçar ampliar ainda mais as tarifas caso o país asiático mantenha sua retaliação de 34% sobre produtos norte-americanos. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Wang Yi, declarou que a China retaliará “até o fim”, caso os EUA persistam com as sanções. Ainda assim, reforçou que uma guerra comercial não traz ganhos para nenhum dos lados.
Diante da possibilidade de retomada das negociações, os mercados globais iniciaram o dia com leve recuperação após as fortes perdas registradas desde o anúncio das tarifas recíprocas na semana passada.
Confira o desempenho das principais bolsas asiáticas nesta terça-feira:
Principais bolsas da Europa, por volta das 7h45:
As tensões tarifárias deflagradas por Trump na última quarta-feira (2) geraram fortes perdas nos mercados globais. As principais bolsas do mundo — em especial da Europa e da Ásia — registraram quedas acentuadas. Os índices norte-americanos chegaram a acumular perdas de até 10% na semana.
Somente entre quinta e sexta-feira, empresas listadas nas bolsas dos EUA perderam US$ 6 trilhões em valor de mercado, segundo levantamento de Einar Rivero, da consultoria Elos Ayta. O maior impacto foi sentido pelas chamadas “sete magníficas” — Alphabet, Amazon, Apple, Meta, Microsoft, Nvidia e Tesla — que juntas perderam US$ 1 trilhão em valor de mercado na quinta-feira e mais US$ 802 bilhões na sexta, totalizando uma queda de US$ 1,8 trilhão em apenas dois dias.
Especialistas apontam que o aumento das tarifas deve elevar os custos de produção, pressionar a inflação e reduzir o consumo interno nos Estados Unidos — cenário que pode resultar em desaceleração econômica ou até mesmo em recessão na maior economia do mundo.
As tarifas recíprocas, que atingem mais de 180 países, levantam o temor de uma guerra comercial em escala global. O ambiente de incerteza afasta os investidores dos ativos de risco, penalizando os mercados acionários ao redor do planeta.
Como resposta às sanções norte-americanas, a China também anunciou o controle sobre a exportação de terras raras — matérias-primas fundamentais para a indústria de tecnologia. Entre os elementos que terão exportação restrita estão o samário, gadolínio, térbio, disprósio, lutécio, escândio e ítrio. As medidas entram em vigor nesta sexta-feira.
Segundo o analista financeiro Vitor Miziara, a escalada tarifária pode impulsionar a inflação mundial e derrubar a demanda global. Tarifas mais altas tornam os produtos mais caros e, por consequência, encarecem os bens e serviços que dependem desses insumos, afetando diretamente o consumo.
Diante desse cenário, cresce a percepção de que os Estados Unidos poderão enfrentar uma fase de desaceleração econômica — ou até uma recessão — com impactos relevantes para toda a economia global.
Fonte: Portal do Agronegócio
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