Mercado Financeiro

Dólar em Alta: Cenário Geopolítico e Produção Industrial no Brasil Impactam os Mercados

Moeda americana opera em alta diante de tensões internacionais e dados da indústria brasileira


Publicado em: 05/02/2025 às 10:23hs

Dólar em Alta: Cenário Geopolítico e Produção Industrial no Brasil Impactam os Mercados

O dólar opera em alta nesta quarta-feira (5), impulsionado por incertezas no cenário geopolítico global e pela divulgação de dados da produção industrial brasileira. Por volta das 10h, a moeda norte-americana era cotada a R$ 5,79. No dia anterior, o dólar registrou queda de 0,76%, fechando a R$ 5,7712. O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, encerrou a sessão com recuo de 0,65%, atingindo 125.147 pontos.

Impacto do Cenário Geopolítico

As tensões internacionais continuam a influenciar os mercados. Declarações recentes do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugerindo que o país poderia assumir o controle da Faixa de Gaza, geraram reações negativas ao redor do mundo. A fala, feita ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, intensificou temores sobre uma possível escalada do conflito no Oriente Médio, o que poderia impactar o fornecimento global de petróleo e afetar a economia mundial.

A política monetária dos EUA também segue no radar dos investidores. O vice-presidente do Federal Reserve (Fed), Philip Jefferson, reforçou a necessidade de cautela na condução dos juros no país, enquanto a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, indicou que não há urgência para cortes na taxa básica, especialmente diante de novas tarifas comerciais anunciadas pelo governo Trump. Juros elevados nos Estados Unidos tornam os títulos do Tesouro americano mais atraentes para investidores, reduzindo o apetite por ativos de mercados emergentes, como o Brasil.

Dados da Indústria Brasileira

No cenário doméstico, os investidores repercutem a divulgação dos dados de produção industrial pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor industrial registrou queda de 0,3% em dezembro, marcando o terceiro mês consecutivo de retração. No entanto, no acumulado de 2024, houve crescimento de 3,1%, indicando que a economia segue resiliente.

Esse desempenho positivo é interpretado pelo mercado como um sinal de que a inflação pode continuar pressionada nos próximos meses. Uma economia aquecida impulsiona a demanda por bens e serviços, o que pode dificultar a queda dos preços. Nesse contexto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que pretende se reunir com representantes do setor de alimentos para discutir soluções para conter a alta dos preços no país.

Cotações do Dólar e do Ibovespa

Por volta das 10h, o dólar registrava alta de 0,36%, sendo negociado a R$ 5,7918. No acumulado da semana e do mês, a moeda apresenta queda de 1,13%, enquanto no ano acumula desvalorização de 6,61%.

O Ibovespa iniciou suas operações também às 10h. Na sessão anterior, o índice recuou 0,65%, chegando aos 125.147 pontos. No acumulado da semana e do mês, a bolsa apresenta queda de 0,78%, mas ainda registra um ganho de 4,04% em 2024.

Expectativas para a Política Monetária Brasileira

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil divulgou nesta terça-feira (4) a ata de sua última reunião, realizada na semana passada. O documento indicou uma elevação significativa das projeções de inflação para os próximos meses, com previsão de que o índice permaneça acima da meta por pelo menos seis meses consecutivos.

A partir de 2025, com a implantação do novo regime de meta contínua para a inflação, o objetivo é manter o indicador em 3%, com margem de oscilação entre 1,5% e 4,5%. Caso a inflação ultrapasse esse intervalo por seis meses consecutivos, o país poderá enfrentar um novo estouro da meta.

Diante desse cenário, o Banco Central já indicou a possibilidade de um novo aumento de 1 ponto percentual na taxa básica de juros (Selic) na próxima reunião, o que elevaria a taxa para 14,25% ao ano. O mercado financeiro, por sua vez, projeta que os juros possam atingir 15% ao ano até o fim de 2025.

O comportamento do dólar e a volatilidade do mercado financeiro continuam refletindo os desdobramentos internacionais e as expectativas econômicas para o Brasil, exigindo atenção redobrada dos investidores nos próximos meses.

Fonte: Portal do Agronegócio

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