Publicado em: 10/03/2025 às 10:38hs
O dólar iniciou a semana em alta nesta segunda-feira (10), impulsionado pelas incertezas geradas pela política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pelos novos indicadores econômicos brasileiros. A moeda norte-americana operava com valorização de 0,25% às 10h, cotada a R$ 5,8047, e atingiu a máxima de R$ 5,8137 ao longo do dia. Na sexta-feira (7), havia fechado em R$ 5,7901, com alta de 0,57%.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, também registrava avanço de 1,36%, aos 125.035 pontos, mantendo o mesmo percentual de alta observado no último pregão.
No Brasil, a atenção dos investidores está voltada para a divulgação do relatório Focus do Banco Central, que elevou a projeção da inflação de 5,65% para 5,68% em 2024. A estimativa para 2025 também segue acima do teto da meta, que é de 4,5%. Além disso, a semana trará novos dados sobre a produção industrial, o setor de serviços e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fundamentais para a definição da política monetária do país.
Outro dado relevante foi a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro na sexta-feira (7), que apontou crescimento de 3,4% em 2024 — o maior avanço anual desde 2021. Apesar disso, o resultado ficou aquém das expectativas do mercado, que projetava 4,1%. O desempenho positivo foi impulsionado pelos setores de serviços (+3,7%) e indústria (+3,3%), enquanto a agropecuária recuou 3,2%. O consumo das famílias teve um papel fundamental na expansão, registrando alta de 4,8%.
Esse cenário reforça a expectativa de que a economia brasileira manterá um bom ritmo no primeiro trimestre de 2025, mas com desaceleração ao longo do ano. Diante disso, o Comitê de Política Monetária (Copom) deve continuar com sua estratégia de elevação da taxa básica de juros, a Selic.
No exterior, os mercados monitoram os desdobramentos das tarifas impostas por Donald Trump. Na semana passada, o presidente dos EUA adiou temporariamente a aplicação de taxas sobre produtos importados do México e do Canadá, mas endureceu sua política comercial em relação à China, que reagiu com novas tarifas sobre mercadorias norte-americanas.
Na China, dados divulgados no fim de semana mostraram que a inflação ao consumidor em fevereiro ficou abaixo das expectativas, reforçando preocupações com um cenário de deflação persistente. Nos EUA, os investidores aguardam o índice de expectativas de inflação do Federal Reserve de Nova York, que poderá indicar o impacto das tarifas de Trump nos preços internos.
A incerteza em relação à política tarifária dos EUA gera preocupação com possíveis aumentos de inflação no país, o que poderia levar o Federal Reserve a elevar as taxas de juros. Isso, por sua vez, tornaria os títulos do Tesouro norte-americano mais atraentes para os investidores, impulsionando o dólar e reduzindo o apetite por ativos de risco, como os de países emergentes.
A turbulência no cenário global, somada à incerteza política interna, faz com que os investidores acompanhem de perto os próximos passos do governo brasileiro. Entre as recentes medidas anunciadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin está a isenção da tarifa de importação para alimentos como carne, café, açúcar, milho e azeite de oliva, uma tentativa de conter a alta dos preços. No entanto, analistas alertam que a medida pode impactar a arrecadação federal, com uma estimativa de perda de R$ 1 bilhão por ano, segundo o economista-chefe da Warren Investimentos, Felipe Salto.
Com a economia global ainda enfrentando incertezas e o Brasil passando por ajustes econômicos, o comportamento do dólar e do Ibovespa continuará sendo influenciado pelos desdobramentos da política monetária dos bancos centrais e das relações comerciais entre as grandes potências.
Com informações da agência de notícias Reuters
Fonte: Portal do Agronegócio
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