Publicado em: 28/01/2025 às 17:30hs
Uma ação judicial movida pela Associação Brasileira de Defesa do Agronegócio (ABDAGRO) trouxe à tona o que pode ser considerado o maior escândalo bancário da história do Brasil: a prática sistemática de "venda casada" em financiamentos rurais. O processo, que envolve o Banco do Brasil, revela prejuízos superiores a R$ 800 bilhões para produtores rurais ao longo de décadas. Diante desse cenário, especialistas defendem que o crédito internacional pode ser uma solução estratégica para revitalizar o agronegócio brasileiro.
Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial, ressalta que o crédito internacional oferece uma alternativa viável e eficiente para os produtores rurais. “Essa modalidade proporciona taxas mais competitivas, maior transparência e independência em relação às práticas dos bancos nacionais”, afirma. Para ele, o acesso a recursos globais pode não apenas mitigar os impactos do escândalo, mas também impulsionar a competitividade do setor.
O crédito rural foi instituído no Brasil na década de 1960 como uma ferramenta essencial para o desenvolvimento socioeconômico, especialmente para pequenos e médios produtores. Protegido pela Constituição, o mecanismo deveria fomentar a produção agrícola. No entanto, a prática da venda casada — que condiciona a liberação de crédito à compra de produtos financeiros, como seguros e títulos de capitalização — desviou bilhões de reais que poderiam ter sido investidos diretamente no campo.
Segundo a ABDAGRO, entre 2010 e 2020, cerca de R$ 179 bilhões foram desviados ilegalmente por meio dessa prática. “A venda casada é um freio ao crescimento econômico do setor mais produtivo da nossa economia”, afirma Bravo. Além de aumentar os custos operacionais dos produtores, a prática comprometeu a sustentabilidade do agronegócio no país.
Diante da exposição do escândalo, o debate sobre fontes alternativas de financiamento ganhou força. O crédito internacional surge como uma opção vantajosa, não apenas pelas condições financeiras mais favoráveis, mas também pela transparência exigida por organismos multilaterais, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “Essas instituições operam sob regras claras, o que reduz significativamente as chances de práticas abusivas”, explica Bravo.
Entre as modalidades de crédito internacional disponíveis, destacam-se:
“O produtor precisa ter opções. Com ferramentas digitais e acesso ao mercado internacional, ele ganha poder de negociação e pode investir diretamente em sua produção, sem depender de produtos financeiros desnecessários”, destaca Bravo.
A ação liderada pela ABDAGRO marca o início de uma possível transformação no mercado financeiro brasileiro. Enquanto aguarda uma decisão judicial definitiva, o setor busca alternativas para garantir sua sobrevivência econômica. Para Bravo, o crédito internacional representa mais do que uma solução imediata: é uma oportunidade para os produtores conquistarem autonomia financeira e transformarem a crise em um ponto de inflexão.
“O crédito internacional pode libertar os produtores de práticas abusivas e posicionar o agronegócio brasileiro como uma potência global ainda mais independente e competitiva”, conclui o especialista. Com acesso a recursos globais, o setor tem a chance de superar os impactos do escândalo e consolidar sua liderança no mercado mundial.
Fonte: Portal do Agronegócio
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