Publicado em: 06/12/2024 às 10:45hs
O câmbio brasileiro pode enfrentar desafios ainda mais intensos em 2025, segundo análise da Hedgepoint Global Markets. A combinação de fatores internos, como a deterioração fiscal e incertezas sobre o pacote econômico do governo, e externos, incluindo políticas protecionistas nos Estados Unidos, colocou o real entre as moedas mais depreciadas de 2024. Pela primeira vez na história, o dólar superou a marca de R$ 6,00, gerando preocupações sobre impactos na inflação, juros e crescimento econômico.
O governo anunciou um pacote fiscal ambicioso, com o objetivo de economizar R$ 70 bilhões até 2026. Entre as medidas, está a revisão de gastos públicos e uma reforma do imposto de renda, ampliando a isenção para salários de até R$ 5 mil. Contudo, a falta de detalhamento das ações gerou incertezas e frustração no mercado.
“A desvalorização do real pressiona a inflação, que pode ultrapassar a meta de 4,5%, forçando o Banco Central a adotar uma política monetária mais restritiva”, aponta Victor Arduin, analista de Energia e Macroeconomia da Hedgepoint. Os juros futuros já superaram os 14% ao ano, enquanto a dívida pública é projetada para alcançar 84% do PIB até 2026.
A queda nos preços de commodities, como petróleo e minério de ferro, também impactou negativamente a balança comercial brasileira. O superávit projetado para 2024 é de US$ 80 bilhões, representando uma redução de 20% em relação aos US$ 98,8 bilhões registrados em 2023. Esse declínio, combinado com a fuga de capitais, deve intensificar a pressão sobre o câmbio. “A saída de recursos pode ultrapassar US$ 80 bilhões em 2024, reflexo de incertezas internas e da sazonalidade do período”, avalia o analista.
No cenário internacional, a expectativa de políticas protecionistas com a nova administração de Donald Trump reforça a percepção de juros elevados nos Estados Unidos, o que prejudica moedas de países emergentes como o real. Em novembro de 2024, o dólar registrou alta de 1,69% frente às moedas globais, sinalizando um ambiente desafiador para 2025.
“Medidas protecionistas podem limitar o ritmo de cortes nas taxas de juros nos EUA, intensificando a valorização do dólar e aumentando a pressão sobre economias com quadros fiscais frágeis”, conclui Arduin.
Com a inflação pressionada, juros elevados e uma balança comercial fragilizada, o ano de 2025 promete ser um período desafiador para o Brasil no mercado cambial. As políticas fiscais e monetárias do governo, bem como os movimentos do mercado externo, serão determinantes para definir o desempenho do real em um cenário de grandes incertezas econômicas.
Fonte: Portal do Agronegócio
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