Publicado em: 09/04/2025 às 11:05hs
A ata da reunião do Federal Reserve realizada no mês passado, prevista para ser divulgada nesta quarta-feira (10), poderá lançar luz sobre o grau de preocupação das autoridades monetárias com os riscos de estagflação – combinação de crescimento econômico fraco com alta inflação – antes do anúncio das novas tarifas comerciais feitas pelo ex-presidente Donald Trump em 2 de abril.
Durante o encontro ocorrido nos dias 18 e 19 de março, os dirigentes do banco central dos Estados Unidos reconheceram que o cenário macroeconômico havia se deslocado de uma perspectiva de confiança na desaceleração da inflação e no crescimento sustentado para um clima generalizado de incerteza. A principal apreensão era de que as novas tarifas de importação impostas pelos EUA pudessem pressionar a inflação para cima ao mesmo tempo em que enfraquecessem a demanda, o ritmo de crescimento e, possivelmente, o nível de emprego.
"A incerteza em torno das perspectivas econômicas aumentou", informou o comunicado oficial divulgado em 19 de março. O texto também substituiu a avaliação anterior de que os riscos para a economia estavam “aproximadamente equilibrados” por uma linguagem mais cautelosa, afirmando que o Fed estava “atento aos riscos de ambos os lados de seu mandato duplo”.
Vale destacar que aquele comunicado refletia apenas as medidas comerciais anunciadas por Trump até então, desde sua volta à presidência em 20 de janeiro. As projeções econômicas atualizadas apresentadas na ocasião já indicavam uma expectativa de crescimento ligeiramente mais lento e inflação levemente mais elevada em comparação às previsões anteriores. Apesar disso, os membros do Fed ainda previam um corte acumulado de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros até o final de 2025.
Contudo, duas semanas após essa reunião, Trump surpreendeu ao anunciar um pacote tarifário muito mais agressivo, atingindo dezenas de países. Com isso, a tarifa média sobre produtos importados saltou de uma estimativa de 2,5% para patamares iguais ou superiores a 25%. A reação dos mercados globais foi imediata, com forte queda nas bolsas de valores.
Diante desse novo cenário, investidores passaram a prever que o Fed será forçado a reduzir os juros em até um ponto percentual ao longo deste ano.
Ainda que a ata a ser publicada nesta quarta-feira possa não captar integralmente a apreensão gerada após os anúncios de 2 de abril, o documento deve trazer importantes detalhes sobre os cenários avaliados pelas equipes técnicas do banco central e o peso atribuído a diferentes riscos e possibilidades. A leitura da ata também poderá revelar o grau de divergência ou convergência entre os dirigentes em relação às perspectivas para a economia dos Estados Unidos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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