Publicado em: 31/01/2025 às 10:35hs
A recente elevação da taxa básica de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC), anunciada na quarta-feira (29), levou a Selic ao patamar mais alto desde setembro de 2023. Esse movimento acende um sinal de alerta para o endividamento no país, uma vez que a expectativa de um crédito mais caro e restrito pode impactar a inadimplência.
De acordo com especialistas, o aumento dos juros e a possibilidade de novos reajustes tendem a dificultar o acesso ao crédito, elevando os riscos de inadimplência. Esse cenário ocorre após um período de crescimento econômico sustentado. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que, até o terceiro trimestre de 2024, o Brasil registrou 13 trimestres consecutivos de crescimento no Produto Interno Bruto (PIB), impulsionado pelo aumento do consumo das famílias e por um mercado de trabalho aquecido.
Contudo, essa realidade tende a se modificar. Segundo Merula Borges, especialista em finanças da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), a alta dos juros visa controlar a inflação, reduzindo o consumo e, consequentemente, freando o crescimento econômico. O mercado financeiro já esperava essa medida, considerando não apenas a atividade econômica ainda aquecida, mas também as incertezas sobre a situação fiscal do país, que afetam as expectativas inflacionárias.
O educador financeiro Fernando Lamounier, sócio da Multimarcas Consórcios, alerta que o novo aumento da Selic pode comprometer a capacidade de pagamento das famílias, elevando os níveis de endividamento. Apesar da expansão do crédito nos últimos meses e da estabilidade da inadimplência até o momento, a tendência é que o cenário se torne mais desafiador, com crédito mais escasso e oneroso para os consumidores.
Caio Macedo, vice-presidente de estratégia e marketing da Equifax Boa Vista, explica que, diante da alta da taxa básica, as instituições financeiras podem optar por reduzir a oferta de crédito ou manter os mesmos níveis de concessão, assumindo um risco maior de inadimplência.
Especialistas recomendam que os consumidores revisem seus orçamentos e contratos de crédito para se protegerem do impacto do aumento da Selic. Macedo, da Equifax, ressalta que, no caso de créditos atrelados a juros variáveis (pós-fixados), é essencial avaliar como o reajuste pode afetar o valor das parcelas.
Para famílias que sofreram redução de renda, como perda de emprego, é recomendável procurar as instituições financeiras para renegociar dívidas e evitar o acúmulo de compromissos financeiros insustentáveis.
Borges, da CNDL, enfatiza a importância de firmar acordos compatíveis com a realidade financeira de cada indivíduo. "O ideal é estabelecer compromissos que possam ser cumpridos, mesmo que isso implique um período maior de restrição ao crédito", conclui a especialista.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias