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Técnicos de laboratórios oficiais de serviços veterinários de 12 países das Américas se capacitam no diagnóstico da resistência antimicrobiana com apoio do IICA

Com a assessoria técnica da Universidade do Estado de Ohio e a coordenação do IICA, foi realizado um curso virtual sobre as diretrizes do Instituto de Padrões Clínicos e de Laboratório (CLSI), com o objetivo de fortalecer o monitoramento de doenças que podem afetar a produção de alimentos na região


Publicado em: 01/09/2023 às 08:20hs

Técnicos de laboratórios oficiais de serviços veterinários de 12 países das Américas se capacitam no diagnóstico da resistência antimicrobiana com apoio do IICA

Na plataforma de e-learning do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), 45 técnicos de laboratórios de serviços veterinários de 12 países das Américas fortaleceram suas capacidades em normas internacionais para melhor diagnóstico e interpretação dos resultados de resistência antimicrobiana (RAM), úteis no monitoramento de doenças que podem afetar os sistemas de produção agroalimentar. 

A formação se deu por meio do curso Capacitação introdutória aos testes de suscetibilidade a antimicrobianos (PSA) utilizando padrões clínicos e de laboratório (CLSI) para países selecionados da América Latina e do Caribe, desenvolvido por especialistas do Instituto de Padrões Clínicos e de Laboratório (CLSI), da Universidade da Pensilvânia e da Universidade do Estado de Washington, com assessoria técnica da Universidade do Estado de Ohio e coordenação do Programa de Sanidade Agropecuária, Inocuidade e Qualidade dos Agroalimentos (SAIA) do IICA. 

O curso de seis semanas abordou temas como a recepção e avaliação de amostras; técnicas comuns de testes PSA; instalação, organização e boas práticas de laboratório; testes complementares; e desenvolvimento de procedimentos operacionais padrão, entre outros módulos. 

A capacitação possibilitará um melhor diagnóstico e interpretação dos resultados de resistência antimicrobiana e a implementação e otimização de sistemas de vigilância nessa questão na Argentina, Belize, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Honduras, Jamaica, México, Nicarágua e Trinidad e Tobago. 

“Tem havido um impacto significativo, que será demostrado quando se começar a realizar análises de suscetibilidade antimicrobiana em laboratório, uma vez que agora tenho maior segurança para realizar o trabalho”, disse Nayaret Sepúlveda, do Serviço Agrícola e Pecuário do Chile, uma das pessoas que cursaram a capacitação. 

“Ela nos permitirá que a interpretação de resultados e os limiares das PSA sejam usados adequadamente na estruturação e acompanhamento dos planos nacionais de avaliação da resistência antimicrobiana na cadeia agroalimentar. A terminologia e os padrões do CLSI já não serão um obstáculo na identificação dos dados a serem coletados pelos diferentes programas nacionais”, acrescentou Iván Camilo Sánchez, do Instituto Nacional de Saúde da Colômbia. 

Álvaro Obando, do Instituto de Proteção e Sanidade Agropecuária da Nicarágua, complementou que o impacto da capacitação no seu país é grande, uma vez que poderão dar início aos planos de vigilância nacional para o monitoramento de RAM.  

“Atualmente não contamos com dados que aportem informações sobre o nível de desenvolvimento de resistência aos antimicrobianos na região. Poderemos padronizar as técnicas de PSA e alcançar ensaios de qualidade, quando tivermos em nossas mãos as normas CLSI como orientação”, disse. 

Uma década em prol da mitigação e controle da RAM 

A resistência antimicrobiana ocorre quando, por mudanças genéticas, os microrganismos (baterias, fungos e vírus) desenvolvem resistência aos medicamentos que costumavam ser efetivos para eliminá-los, como antibióticos, fungicidas e antivirais. Ela representa um problema mundial que afeta a saúde humana e animal, bem como o meio ambiente, demandando assim um enfoque integral e uma abordagem multissetorial, em que o setor agropecuário desempenha um papel fundamental. 

“A resistência antimicrobiana é um problema global que afeta a saúde humana, a saúde animal, a economia dos países e o comércio internacional, de modo que o IICA tem se unido à luta, por meio da vigilância epidemiológica, e esse curso foi elaborado para contribuir com esse objetivo”, avaliou o Gerente do Programa SAIA do IICA, José Urdaz. 

“Esperamos ter atendido as expectativas dos países e que haja um antes e um depois dessa capacitação, bem como que seja percebido pelas instituições oficiais veterinárias o avanço técnico que terão de agora em diante em seu trabalho diário”, acrescentou. 

Éricka Calderón, Coordenadora dos projetos em resistência antimicrobiana do IICA, explicou que há quase 10 anos o Instituto e a Universidade do Estado de Ohio trabalham na mitigação e controle da resistência antimicrobiana, por meio da vigilância e do bom uso dos antimicrobianos, o que permitiu um avanço significativo nos países, “gerando programas de vigilância em que se monitora e diagnostica a presença ou não de bactérias resistentes nos sistemas de produção animal e em seus produtos processados”. 

“É por isso que o desenvolvimento de capacidades para um bom diagnóstico é uma das abordagens mais importantes na cooperação técnica, e por isso nos vimos na necessidade de elaborar o curso e reforçar os conhecimentos que servirão aos países para construir estratégias para mitigar e controlar a RAM”, observou Calderón. 

O Diretor do Programa de Saúde Pública Veterinária da Universidade do Estado de Ohio, Armando Hoet, relembrou que o curso ministrado pela plataforma de e-learning do IICA é o primeiro “dessa natureza e complexidade na América Latina e no Caribe, e chegou para satisfazer uma grande necessidade” dos países da região. 

“Cerca de 87% dos participantes, os quais são funcionários oficiais dos laboratórios de diagnóstico veterinário de 12 países, reportaram não ter participado de um treinamento profundo focado nas recomendações e padrões do CLSI, padrões que são essenciais para gerar resultados de suscetibilidade antimicrobiana de alta qualidade e rigorosidade ao longo da cadeia agroalimentar na luta contra a resistência antimicrobiana”, concluiu Hoet.