Publicado em: 17/01/2025 às 13:10hs
A Argentina deve alcançar, em 2024, o maior superávit comercial de sua história, conforme aponta uma pesquisa realizada por analistas da Reuters. O país tem se beneficiado de um aumento nas exportações de grãos e energia durante o primeiro ano completo do governo do presidente libertário Javier Milei, iniciado em dezembro de 2023.
Milei tem como objetivo transformar a Argentina em uma exportadora líquida de energia, aproveitando as vastas reservas de xisto localizadas na região de Vaca Muerta, na Patagônia. Simultaneamente, a flexibilização dos controles cambiais e as condições climáticas favoráveis contribuíram para o crescimento das exportações de grãos, um dos principais produtos argentinos.
A Argentina é uma das maiores exportadoras mundiais de óleo e farelo de soja processados, ocupa a terceira posição no mercado de milho e também se destaca como produtora de trigo e carne bovina. Além disso, o país possui grandes reservas de lítio, elemento essencial para a produção de baterias elétricas, além de gás de xisto e petróleo.
De acordo com os analistas consultados, o superávit comercial da Argentina ao final de 2024 deverá alcançar entre US$ 18 bilhões e US$ 19 bilhões, superando o recorde anterior de US$ 16,89 bilhões, registrado em 2009. A pesquisa da Reuters estimou que, em dezembro, o superávit mensal seria de US$ 921 milhões, com base na mediana dos dados de mercado.
Entre janeiro e novembro de 2024, a Argentina registrou um superávit acumulado de US$ 17,20 bilhões, revertendo o déficit comercial de US$ 7,94 bilhões observado no mesmo período de 2023. Esses dados revelam uma recuperação significativa da economia argentina, impulsionada pelas exportações.
Apesar dos resultados positivos de 2024, analistas preveem que o superávit comercial da Argentina diminua em 2025. A estratégia de austeridade adotada pelo governo Milei, que inclui cortes de gastos e reformas estruturais, tem contribuído para a redução da inflação, que fechou o ano em 117,8%, após um pico de quase 300% em abril.
Federico Gonzalez, economista da Empiria Consultores, indicou que, no futuro próximo, as importações deverão crescer substancialmente, impactando a balança comercial. Esse aumento já é visível, dado que o peso argentino se valorizou frente a outras moedas regionais, como o real brasileiro, e o governo de Milei suspendeu impostos sobre determinados produtos.
Além disso, o governo anunciou planos para suspender restrições antidumping sobre importações, o que deverá reduzir os preços de produtos como eletrodomésticos. Para 2025, Milagros Suardi, economista da Eco Go, estima que o superávit comercial poderá ser apenas 40% do registrado em 2024, uma vez que o crescimento das importações, aliado a uma recuperação econômica e uma taxa de câmbio mais favorável, devem impactar as exportações.
Fonte: Portal do Agronegócio
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