Publicado em: 24/09/2013 às 18:10hs
Uma comitiva formada por técnicos e autoridades sanitárias paranaenses acaba de chegar da Rússia com um certo otimismo em relação à retomada do cliente internacional. Tradicional importador de bovinos, o país europeu mudou seu discurso sobre a importância dos fornecedores brasileiros para o suprimento de seu consumo interno de carnes. Agora, os russos admitem a necessidade de continuar buscando suínos e também aves fora de seu continente.
A informação é do presidente do Sindicato das Indústrias de Carnes do Paraná (Sindicarne) e da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Péricles Salazar, que participou da missão em Moscou com o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, e com o presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Inácio Kroetz.
“Foi uma surpresa para nós. Os russos sempre diziam que dependeriam da carne bovina, mas que seriam autossuficientes em suínos e aves. Agora, falaram que continuarão precisando de bovinos, suínos e aves”, disse Salazar em entrevista ao AgroGP (Agronegócio Gazeta do Povo) nesta segunda-feira (23). Com uma população de mais de 140 milhões (30% menor que a do Brasil), a Rússia vem sofrendo com mudanças no sistema de produção e está preocupada com a dificuldade em manter os jovens nas propriedades, acrescenta Salazar.
Desde 2011 o país vem impondo uma série de restrições de compras do Brasil, afetando o desempenho econômico do setor e de estados produtores de carnes. Atualmente, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso estão impedidos de exportar ao país. Logo no primeiro ano de embargo, as vendas externas do complexo carnes caíram mais de US$ 300 milhões, afetando especialmente a suinocultura, que desde então vem perdendo mercado. Somente de janeiro a agosto deste ano, o volume de carne de porco embarcado pelo Brasil caiu 7% em relação ao mesmo período do ano passado, conforme dados da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora da carne (Abipecs).
Embora mantenha o embargo ao Paraná, a Rússia liberou a compra de carne de frango de duas cooperativas do estado — a C.Vale, de Palotina, e Lar, de Medianeira – em março deste ano. “Isso mostra a incoerência [típica dos russos]. Se o estado está embargado, como podem abrir mercado para somente duas empresas”, questiona o presidente da Abrafrigo.
Segundo passo
Para reconquistar o cliente europeu, o Paraná aposta agora na vinda de uma comitiva de Moscou para auditar o estado. Um convite oficial deve ser emitido pela Seab e Adapar nos próximos meses e tem como objetivo apresentar oficialmente todo o sistema de Defesa Agropecuária adotado pelas indústrias.
De acordo com Salazar, a morte de uma vaca de Sertanópolis (Norte do Paraná) no ano passado, que continha o agente patogênico causador da doença da vaca louca, é o maior empecilho à reabilitação do Paraná. “Esse trabalho não será fácil. Os russos têm muitos fornecedores. Para eles, o comércio internacional, além de garantia de abastecimento, é um instrumento de política econômica. E mesmo que concordem com o nosso sistema e retirem o embargo, não significa que as empresas voltarão a exportar automaticamente”, alerta Salazar.
Fonte: Gazeta do Povo
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